S. JOÃO E OS TRIPEIROS
AS RUSGAS
Recado a
quem organiza as Rusgas de S. João
— Façam as verdadeiras Festas da Cidade, chamem ao Porto o turismo
que tantos precisamos… assumam o S. João como um cartaz da cidade e único no
mundo.
— Enfeitem as ruas por onde passa o desfile, ponham balões, cravos
de papel e muita luz. Então o S. João não faz parte das FESTAS DA CIDADE?
— Aumentem o percurso para dar mais tempo à exibição junto à
Câmara e espalhar assim mais o povo pelas ruas (sabem o que é estar de pé das
21h00 á 01h00?)
— Convidem um júri conhecedor, que avalie as músicas e as letras
que seriam obrigatoriamente inéditas. Cedam fotocópias das mesmas aos
membros do júri.
— Como é que um júri, onde a maioria nasceu há poucos anos, sabe o
que é a essência das rusgas, ou que elas trazem de intrínseco?
— Organizem (com o devido tempo) um concurso para a Grande Marcha
do S. João do Porto todos os anos (as que ouvimos hoje, ainda são dos anos 60,
da Lenita, Florência e da Rosita). Esta marcha (extra concurso) seria a do
Porto Lazer que abriria sempre o desfile abrilhantando e dando mais cor ao
evento.
— Depois da fusão das freguesias, os bairros populares como a
Lapa, a Fontinha ou as Musas e mesmo todos os bairros camarários, podem vir
para a rua (era assim as Rusgas de antigamente). Mostrem que também a TV pode
cá vir e dar a conhecer ao resto do país a alegria e o bairrismo da Festa mais
democrática do mundo.
— As Rusgas seriam dos Bairros da Cidade e não das Freguesias,
teríamos:
A Rusga do Cerco, do Agra, do Moiteira, do Regado, de S. Roque,
etc.
Podiam dividir a exibição em duas, umas na Sexta e outras no
Sábado.
— O tema seria sempre livre para todas as Rusgas, a única
obrigação que teriam, era de todas cantaram alternadamente pela rua, a Grande
Marcha da Cidade (desse ano) para depois junto ao júri, exibirem a sua Rusga.
— Lisboa faz das suas marchas um cartaz importante, com a TV em
directo e nós? Que temos para dar ao país? Tenham orgulho e brio em ser do
Porto
As
Rusgas, que sempre vejo na rua, nada têm a ver com a transmissão na TV das
Marchas de Lisboa. São eventos diferentes, mas com o mesmo espírito bairrista
de levar e mostrar, o melhor que há nos bairros populares. Claro que as Marchas
nada têm a ver com o tradicionalismo das Rusgas, estas nasciam espontaneamente
em cada rua, que depois das torradas e o café feito na fogueira, percorriam as
ruas vizinhas com ranchos de mulheres cantando e batendo testos e homens com
ramalhos e balões, acordeões, bombos e ferrinhos. As quadras eram as mais
populares e improvisadas, dentro da música mais tradicional de S. João, como:
E Repenica,
repenica, repenica / O S. João a mijar em bica
E Orvalhadas,
orvalhadas, orvalhadas / E Viva o rancho das mulheres casadas
O
Cariz popular expresso nesta quadra, como em muitas outras, demonstra o improviso
e a espontaneidade em que tudo era feito neste “rusgar” do povo.
As
Marchas de Lisboa pelo contrário, nasceram da ideia cinematográfica de Leitão
de Barros, com ajuda de António Ferro, responsável pela propaganda do regime do
Estado Novo. Nada têm de improviso e apresentam-se aos turistas como cartaz
festivo da cidade, na cosmopolita avenida da capital (onde o asfalto é forrado
a vinil, com a linda “calçada portuguesa”, são embelezadas pela plástica dos
seus arcos, pela luz, cor e brilho dos seus trajes (conforme o tema
apresentado), apadrinhadas por gente do G7, que desce até ao povo, por “ser
moda e ficar bem nas fotos das revistas cor-de-rosa”. O verdadeiro povo
lisboeta, a maioria e aquele castiço e mais bairrista, fica-se pelas vielas nas
sardinhadas e nos bailaricos de Santo António, claro… sem aguerridamente deixe
de gritar pelo seu bairro.
Mas
existem muitas coisas boas nas Marchas, que infelizmente as Rusgas não têm, por
continuarmos a ser tacanhos e os eternos provincianos, sempre curvados e subservientes
à capital dum país que nasceu aqui e até fomos nós que lhe demos o nome.
Cartas a
Alberto Rocha da Festival
Caro Alberto
Rocha
Grato
pela atenção em me responder e por partilhar algumas das suas ideias quanto ás
Rusgas. Eu sei que é difícil mexer em tradições, é como os puristas do fado
quando se deparam com algo de novo, ou seja, tudo que é novo sempre mete medo.
O ideal era sabermos extrair o melhor da “novidade” sem beliscarmos a tradição.
É como diz e com razão, que pouca margem de manobra existe para tornar as
rusgas mais vivas, com mais luz e cor que só enriqueciam o espectáculo. As
rusgas estão formatadas dentro daqueles parâmetros ancestrais, mas é sempre
possível melhorar, por exemplo:
—
Podia cada Freguesia, apresentar á cabeça da sua rusga um arco colorido e
iluminado, que representasse um monumento, ex-líbris ou algo de interesse
representativo da sua freguesia. Afinal já muitas delas trazem (como o cubo,
este ano) e não faziam parte da tradição das rusgas… Apenas era preciso dar-lhe
mais ênfase, mais cor, muito mais luz. Serviria para marcar a presença na rua e
a entrada na exibição. Depois, podia ter uma pontuação definida e alta, para
que fizesse também a diferença e levasse cada Freguesias a apostar em
apresentar algo que nenhuma outra freguesia tem. Atrás deste arco principal,
então viria a rusga com as suas tradições normais, mas deixava de haver “só” o
mesmo cenário repetitivo de todos os anos. Haveria finalmente algo de diferente
e sem fugir ou desvirtuar as rusgas em si.
—
Outra coisa que dava um ar mais bairrista e faria chamar mais povo ás ruas
(pela curiosidade), era cada Freguesia convidar padrinhos para a sua rusga, que
abririam o cortejo à frente do Arco principal. Claro que não gostava de ver
como em tempos idos, figuras da TV ou artistas de Lisboa (nunca vi lá nas
marchas, gente de cá), mas artistas do porto, muitos deles das próprias
freguesias. Há tanta gente ilustre nesta cidade, digna de apadrinhar qualquer
rusga…
—
Também o caso da música e da letra serem obrigatoriamente originais, deviam ser
classificadas como tal. A contagem para a classificação, devia ser o somatório
de: Arco original + vivacidade da rusga + tradicionalismo da rusga + música +
letra. O júri devia ser de 5 pessoas, uma para cada área específica e ainda uma
6ª pessoa (presidente do júri) para ser responsável e porta vós (com voto de
desempate, no caso disso). Acho ainda, que a rusga principal só deveria ser
tocada e cantada frete ao júri, mas haveria uma Marcha da cidade que todos
cantariam no desfile. Essa Marcha de S. João do Porto, claro que devia ser um
concurso feito pela Câmara anualmente (com tempo), tal como acontece em Lisboa
á muitos anos.
Repare o Amigo Alberto que as únicas (que
ainda se ouvem) têm muitos anos, são do tempo em que se faziam marchas na
cidade na década de 60. É preciso que fique no ouvido do povo o S. João do
Porto. A Câmara devia de assumir os festejos como verdadeiro cartaz da cidade.
Vem,
ficam aqui algumas sugestões para o meu caro Alberto Rocha, poder apresentar em
próximas reuniões para organização deste certame. Não lhe quero furtar mais
tempo, pois o Amigo tem mais responsabilidades na Rádio e pouco tempo para me
aturar.
Um
abraço
Manuel
Carvalho
Amigo Alberto
Rocha
Gostaria
de lhe dar os parabéns pela sua capacidade de organização. É de louvar, o
empenho que põe nos eventos que a Rádio Festival leva a efeito. Mais uma vez
pude constatar ontem em plena avenida, aquando do desfile das rusgas ao S.
João/2010, como o Alberto Rocha se desdobra para que tudo corra pelo melhor.
Hoje,
domingo, depois de ouvir as classificações e assistir à gravação do desfile
pelo Porto Canal, vi e pude comparar a transmissão, com as Marchas de Lisboa.
São eventos (quase) diferentes, mas com o mesmo espírito bairrista de levar e
mostrar, o melhor que há nos bairros populares.
As
Marchas de Lisboa nasceram da ideia cinematográfica de Leitão de Barros, com
ajuda de António Ferro, responsável pela propaganda do regime do Estado Novo.
Nada têm de improviso e apresentam-se aos turistas como cartaz festivo da
cidade, na cosmopolita avenida da capital (onde o asfalto é forrado a
autocolante com a linda “calçada portuguesa”, são embelezadas pela plástica dos
seus arcos, pela luz, cor e brilho dos seus trajes (conforme o tema apresentado),
apadrinhadas por gente do G7, que desce até ao povo, por ser-moda-e-ficar-bem
nas fotos das revistas cor-de-rosa. O verdadeiro povo lisboeta, aquele castiço
e mais bairrista, fica-se pelas vielas nas sardinhadas e nos bailaricos de
Santo António.
Mas
existem muitas coisas boas nas Marchas, que infelizmente as Rusgas não têm, por
continuarmos a sermos tacanhos e os eternos provincianos, sempre curvados e
subservientes à capital dum país que nasceu aqui e até fomos nós que lhe demos
o nome.
Peço
desculpa ao meu Amigo, que nada tem com isto, continuo a admirar o seu empenho,
mas faça lá uma “forcinha”junto da Porto Lazer, à C. M. do Porto ou quem mais
organiza as Rusgas.
Um
abraço meu prezado Amigo e até ao ano!
Manuel
Carvalho
Amigo
Alberto Rocha
Mais
uma noite de Rusgas, mornas e sem luz, não fora as montras ou reclamos
luminosos da cidade, a luz e a cor não existiam. Começa pela Câmara em não
aproveitar como um Grande Cartaz para a cidade as "FESTAS DA CIDADE",
então o S. João não é uma festa única no mundo? Porque não aproveitar esse
património em proveito da cidade (com a crise...) para chamar gente ao Porto?
Porque não iluminar (pelo menos) as artérias por onde desfilam as Rusgas.
Vale (ao menos) e invasão de gente das Rusgas das freguesias mais carismáticas,
mas não passa disso e da repetição ano após ano, da presença do policia, do
homem das gravatas, do "Carlinhos da Sé", das prostitutas do bairro,
do gracha, ete. Figuras que já vimos todos estes anos. Claro que as
Marchas em Lisboa pela sua temática, têm a facilidade de todos os anos serem
diferentes e despertar a curiosidade própria de ver (como vai o nosso
bairro este ano?). Depois são televisionadas em directo, assim como os
casamentos de Santo António (cá já houveram os de S. João), enfim... A RTP
oferece dois dias de festa em Lisboa (sempre o sul), mas também o que vinha
filmar ás Rusgas? com a escuridão e a tristeza das ruas. Confesso que já ganhei
7 anos com a letra da Rusga da Sé, e depos? Que tem isso de especial, acaso o
Júri (Quem são?) lê as letras ou as classifica? Nem quem as apresenta em
palco, diz os nomes dos autores da Letra ou da Música, tratasse de um
trabalho "menor", sem importância... Por exemplo: Desde os anos 60
que não há uma Marcha do S. João nova, ainda se podem ouvir as da Florência,
Natércia, Rosita ou do Aurélio Perry. Em Lisboa todos os anos é feito um
concurso para a Grande Marcha d Lisboa. O desfile cá no Porto podia abrir com
uma marcha da cidade, onde houvesse cor e muita luz. Olhem o casa deste
ano, como "Manobras no Porto" abriu o desfile (sem
concorrer) com uma enorme animação e a muita imaginação com o "Siga a
Rusga". Enfim, esperemos que alguém lá do gabinete da "cultura"
se ilumine.
Um abraço
Manuel Carvalho
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