PARTE 8 (171 A 180)
171
SOU ASSIM
Meu amor eu reconheço
Por vezes não te mereço
Pelo meu modo de ser
Os meus caprichos aturas
E nunca amor te saturas
Da maneira de eu viver
Sei que mereço castigo
De não ser tão teu amigo
Como tu és minha querida
Tu tens-me acompanhado
De mãos dadas lado a lado
Nas amarguras da vida
Os nossos filhos que amamos
E a muito custo criamos
São o orgulho sentido
Testemunhas de verdade
Das horas de felicidade
Que na vida temos tido
Fiz este fado p’ra ti
E as palavras que escrevi
Foi o meu peito a ditar
Eu sei que gostas de mim
Perdoa mas sou assim
É meu jeito de te amar
Fado Três Bairros de: Casimiro Ramos
Gravado
em K7 por José Ferreira em 1989
Gravado
em K7 por Albano Simões em 1993
172
SOU FELIZ ASSIM
O
meu Porto é um poema
Digo
alto e sem acanhos
Eu
sou tripeiro de gema
E
meu berço foi Paranhos
Hoje
passeio a memória
Dessa
vida que se esvai
Pelas
ruas da Vitória
Da
infância que já lá vai
Depois
conheci um dia
O
amor e uma cabana
Com
minha Rosa Maria
Uma
linda alentejana
Cantando
meu dia-a-dia
Eu
vivo feliz assim
Divido
minha alegria
Com
o povo de onde vim
Eu
sou tripeiro de gema
E
amo a minha cidade
Meu
amor é um poema
Que
eu canto com vaidade
Música de: Marante
Gravado em CD por Manuel Morais e
Lurdes de Sousa em 2003
173
SOU FELIZ PORQUE MINTO
Escondido vou
chorando
As mágoas que
vou guardando
Sufocadas em
meu peito
Eu sou feliz
porque minto
Em não dizer
o que sinto
Deste meu
amor desfeito
Assim não
conto a ninguém
A minha
angustia, porem
Desabafar eu pudesse
De felicidade
aparente
Vive também
muita gente
Quando o amor
esmorece
Se ela me
compreendesse
E a esp’rança
renascesse
Meu amor ia
voltar
Vou vivendo
esta loucura
Resistindo
n’amargura
De cantar
p’ra não chorar
Fado Porto de José
Joaquim Cavalheiro Júnior
Criação de Fernando Teixeira em 1995
174
O TAL VENTO
Na vida há
sempre um momento
Que partimos
com o vento
Para nunca
mais voltar
Muitas vezes
nem há tempo
Para um adeus
um lamento
Quem fica,
fica a chorar
De vida minh’alma
arde
Mas antes que
seja tarde
Com o sentir
mais profundo
Vou dizer a
quem quiser
Que tu foste
a mulher
Que mais amei
neste mundo
De tudo que
tenho escrito
O poema mais
bonito
Foste tu que
o fizeste
Quando teus
olhos disseram
Que me amavam
e me deram
O corpo que
tu me deste
Tanta coisa
por fazer
Fica tanto
por dizer
Quando vem
esse tal vento
Eu fui feliz
por te amar
Agora posso
esperar
Por ele a
qualquer momento
Fado Três Bairros de:
Casimiro Ramos
Criação de Manuel Barbosa em 2000
175
TANTO P’RA TE DIZER
Tenho tanta
coisa p’ra te dizer
Contar-te os
sonhos que tenho tido
E quanta
amargura ando a sofrer
De nunca meu
amor estar contigo
Dizer-te como
dói esta tortura
De amar-te
tanto e não te ter
Saber que
tudo é uma loucura
Mas não desistir
de a viver
Dizer-te como
adoro o teu olhar
Que por ti eu
morro de desejo
Teu sorriso
tua boca teu beijar
Que minha
sede mata num só beijo
Dizer-te como
és linda e me fascinas
E não me
importar nada quem tu sejas
Que para ser
feliz nem imaginas
Bastava eu
saber que me desejas
Fado Latino de: Miguel
Ramos
Criação de José Ferreira em 2001
176
TANTO TEMPO QUE GASTEI
Gastei meu tempo á procura
Dum modo de ser feliz
Mas p’ra minha desventura
O meu destino não quis
Desgostos, tive que chegue
Pelo tanto amor que dei
Dou até por mal empregue
Todo o tempo que gastei
Perdoei tantas maldades
E tantos sonhos desfiz
Que hoje tenho saudades
De sonhar qu’era feliz
Ainda o melhor tormento
Que a mim mais me revolta
É saber que esse tempo
Perdido nunca mais volta
Fado Menor do Porto de: José Joaquim Cavalheiro Júnior
Gravado em CD por Laura Santos em 2006
177
TANTOS NÃOS
Cravei as
unhas nas mãos
E de raiva me
contive
Farto de
ouvir tantos nãos
Por um sim
que nunca tive
De tantas
coisas perdidas
E d’ilusões
já desfeitas
Só me restam
as feridas
De tantas
batalhas feitas
Trataram-me
por lacaio
Como se fosse
indigente
E olharam-me
de soslaio
Como s’eu não
fosse gente
Amizades não
ganhei
Não por
amigos não ter
Eu desses
desconfiei
P’la a
amizade nunca ver
Retirei-me
então discreto
Para um
cantinho isolado
E vivo assim
por decreto
Neste pais
adiado
Fado Menor de: Popular
Criação de Manuel Russo em 2008
178
TEUS OLHOS DE AVELÃ
Nessa
viela sombria
Que
a Lua vai espreitar
Ando
eu de noite e dia
Perdido
p’ra te encontrar
Ando mesmo
enfeitiçado
Por teus olhos de avelã
Nesse castanho dourado
Vive o Sol da manhã
Pedi a Lua que ela
Te guardasse noite fora
Pois sei que nessa viela
Há fado a toda a hora
Teu xaile bordado a prata
Nessa viela reluz
A tua sombra me mata
O teu fado me seduz
Senhora guia meus passos
Minha Senhora da Guia
Quero tê-la nos meus braços
Nessa viela sombria
Fado Lopes de: José
Lopes
Criação de Lima Querido em 1989
179
TRAGO PALAVRAS COMIGO
Trago
palavras guardadas
Á muito para te dizer
No meu peito sufocadas
Algumas delas tiradas
De poemas por fazer
Palavras que
traz o vento
Doem muito e tanto assim
Que vivo agora o momento
De pensar q’houve um momento
Que te esqueceste de mim
Trago palavras também
Enfeitadas de alecrim
Para dar a minha mãe
Esse amor e doce bem
Nunca se esquece de mim
E das palavras que trago
Algumas andam comigo
Neste coração de vago
A procura de um afago
À procura dum abrigo
Fado Maria Vitória de: Alves Coelho
Criação de Joaquim Brandão em 2004
180
TRAZEMOS
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