Eram 11.00h
e foi dada a partida de autocarro para um passeio, aliás facultativo ao
programa, a Tunes onde visitamos os Souks, pequenos labirintos de lojas onde
encontramos todo o típico artesanato do país. Segui-se uma leve visita ao Museu
do Bardo, onde podemos apreciar a maior colecção de azulejos do mundo. Paramos
depois em Cartago a 12 Km
de Tunes. A antiga capital púnica é hoje um bairro de Tunes e um sítio
arqueológico e turístico importante, tendo sido classificado Património Mundial
pela UNESCO em 1979. Outrora, disputava com Roma o controle do Mar
Mediterrâneo. Essa disputa deu origem ás três guerras Púnicas, após as quais,
Cartago foi destruída.
Paramos para o almoço (pois passavam já das
13.00h.), visitamos as suas célebres ruínas. Passamos ainda pela vila
piscatória de Sidi Bousaid, onde apreciamos, como é de tradição, o famoso chã
de pinhões numa das típicas casas de chã árabes. Regressamos a Hammamet para
jantar e pernoitar.
À noite demos um belo passeio pela paia.
Vestimo-nos à vontade, eu de ganga, camisa de meia manga e pulóver pelas
costas. Ela de saia branca rodada e cinta alta, blusa azul cabeada ás pintas
brancas e um pequeno casaco de malha pelas costas. Um lenço estampado com
motivos do mar cobria-lhe o cabelo que esvoaçava com a brisa. Uma pequena
aragem fresca mas agradável junto à praia onde as ondas rebentavam na areia a
nossos pés, tornava aquele passeio ainda mais belo. Íamos descalços, de mãos
dadas apreciando aquele momento que nunca tínhamos tido o prazer de saborear na
vida. Haviam muitos casais deitados pela praia, indiferentes uns outros,
distraídos, absorvidos pelos gestos, pelos beijos. Demos aquela praia o nome de
“Praia dos beijos”. Chegamo-nos também a sentar, deitar, beijar e... claro a
namorar.
Dormimos bem
e estávamos frescos e prontos para embarcar, depois do pequeno almoço admirável
que o Aziza nos proporcionou, e um adeus
à (nossa) Praia dos beijos, retornamos ao nosso camarote a bordo do “Malhoa”,
este fez-se de novo ao mar, quase à hora do almoço. Pequenas embarcações
rodeavam o navio tentando vender artigos locais aos turistas. Depois de algumas
fotos, dissemos adeus à Tunísia e prometemos voltar em breve. Era com efeito,
uma terra linda e era pena ter-mos tão pouco tempo de visita.
Passamos
através do Canal da Tunísia no mar da Cecília, enquanto almoçávamos. Víamos a
paisagem através das amplas janelas da sala
e apesar do dia límpido não conseguimos ver essa ilha da ponta de
Itália, terras de Siracusa, Palermo Catânia, etc., pois íamos muito junto à
costa da Líbia.
Descansávamos um pouco ao Sol, nas cadeiras do convés, quando avistamos
ao longe e do nosso lado esquerdo, a ilha de Malta, cuja capital é La Valletta,
com 316 Km2 e 370.000 habitantes. Navegávamos rumo à nossa próxima paragem o
Egipto.
Eram 09.30h
do quarto dia da nossa viagem quando o “Malhoa” aportou ao cais da Cidade de
Rashid, depois de termos passado ao largo da famosa cidade de Alexandria. Ali
tinha sido construído em 270 a
C. o maior farol do mundo (na época) com 120 Metros de altura,
destruído em 1375 durante um terramoto e
apesar das “novas” maravilhas do mundo, e ainda faz parte, em 7º lugar, das
Sete Maravilhas do nosso planeta.
Maravilhosos
autocarros panorâmicos fizeram o trajecto do cais de Rashid até ao hotel
“Ramses Hilton” no extremo norte da cidade do Cairo
Com uma
assistência cuidada e uma grande capacidade de organização, por parte da
agência de viagens, sem dúvida digna de louvor, ainda não eram treze horas,
(hora portuguesa) e já estávamos instalados e preparados para o almoço. Da
ementa constava mariscos diversos como entrada. Seguindo-se garoupa do Nilo
assada no forno e acompanha de arroz de caril. A sopa de agriões e à sobremesa,
queijo de cabra, especialidade de Tebas. (Claro que tive de pedir outro arroz,
caril não é com a Olga!). A sala onde almoçamos era moderna, com arcos em pedra
envidraçados, onde a luz entrava a rodos. Ambiente magnífico para um primeiro
almoço em terras de Faraós.
A tarde
estava livre para conhecer o Cairo. A cidade capital do Egipto, é chamada de
al-Qahira em árabe. Está situada nas margens do rio Nilo e tem cerca de 16
milhões de habitantes. Foi fundada em 969, conquistada pelos turcos em 1517.
Ocupada pelos franceses entre 1798 e 1801. É sede da Liga Árabe. O Cairo é uma
cidade que é um museu aberto, composto por uma mistura de antigo e moderno que
convivem nos seus bairros, ruas, ruelas e becos. O Cairo religioso é cheio de
contrastes, cidade cosmopolita em culturas e gentes, que revela diferentes
civilizações.
Começamos
por visitar as famosas mesquitas de Al-Azhar e de Mehemet Ali do (séc. X). Passamos junto à portagem do famoso
Canal Suez. Por um folheto ilustrado, soubemos que tem 161 km de comprido e foi
nacionalizado por Nasser em 1956, o que provocou a invasão do Egipto por tropas
anglo-franco-israelitas.
Apanhamos o moderno metro do Cairo para nos dirigirmos ao
Museu Egípcio de Antiguidade, onde se encontra a mais bela colecção arqueológica
de todo o mundo. O fabuloso tesouro de Tutankhamon reúne as mais interessantes
peças e de maior destaque no museu.
Tivemos
ainda tempo para visitar a Cidadela de Saladino e a sua linda mesquita. Compramos e enviamos postais ilustrados para
os filhos, netos e pessoas amigas. Escrevi uma carta mais longa ao Passos,
sobre a decoração da nova moradia que compramos, embora seja o encarregado
(competente) da obra em geral, penso que em matéria de decoração, eu e a Olga
temos importantes sugestões a dar, em como queremos a nossa nova casa decorada.
Para os reposteiros, carpetes e cortinados, recomendamos-lhe a “Criabel” como
empresa experta na matéria, desde de que respeite as amostras de cores e
texturas que escolhemos.
Regressamos
ao Ramsés Hilton para jantar. Depois de um banho reconfortante, descemos ao
salão.
O
embaixador de Portugal no Cairo fez questão de estar presente, numa recepção de
boas vindas aos seus conterrâneos como era usual (viemos a saber depois),
O comandante do navio, e alguns oficiais da
tripulação, espalharam-se simpaticamente pelas mesas dos passageiros, num gesto
de cortesia.
O Senhor
embaixador e esposa, saudaram-nos com um drink de boas-vindas, desejando-nos
boa estadia. Na mesa da embaixada, dois galhardetes sobressaíam dum lindo
arranjo de flores, o de Portugal e o do Egipto. Era um gesto que fazia lembrar
a presença de Eça de Queiroz como jornalista convidado na inauguração do Canal
Suez, aquando da sua inauguração oficial em 17 de Novembro de 1869. O Jornal
português Diário de Noticias, publicou a reportagem escrita pelo grande
escritor.
O Jantar
constava de: Carneiro à Sheik, assado com beringelas e acompanhado de batata
escaldada em azeite, azeitonas descaroçadas e tiras de limas e ainda alperces a
enfeitar. Á sobremesa foi servida uma salada de abacaxi com rum. O café era
forte com sabor tradicional árabe.
Jantou na
nossa mesa um casal de Aveiro, donos duma pequena frota de pesca, muito
simpáticos e conversadores, falamos do celebre bacalhau à São Bernardo tão
apreciado pelas gentes do norte, falamos da Ria, da nova ponte de S. Jacinto,
obra notável da engenharia portuguesa, e por fim falamos da pesca e dos ovos
moles. As conversas são como as cerejas...
Foi servido
numa sala ao lado whisky, e por amabilidade do Sr. Embaixador, um bom charuto
da Líbia. As senhoras tinham à disposição cigarrilhas e licor de tâmara. Foi um
jantar muito agradável.
No Salão de
baile, pomposamente chamado de “Cleópatra” já se ouviam os acordes do “Danúbio
Azul”, o Embaixador abriu o baile, a noite prometia...
A bonita
arquitectura árabe do salão, (dizia ao meu companheiro de Aveiro, amante de
cinema como eu) faz-me recordar o quartel britânico, onde o oficial T. E. Lawrence
entraria a qualquer momento, depois de estacionar a sua “Norton” à porta de
armas, no grande filme Lawrence da Arábia. Filme que faz inevitavelmente parte,
dos vinte melhores filmes do mundo, na minha lista de preferências.
O meu
companheiro falava todo entusiasmado noutros títulos do seu agrado. Mas... A
hora passava e eu ainda queria dançar um pouco, sentia-me em forma, esta viagem
estava-nos a fazer bem. De resto não nos tínhamos que preocupar, graças a
muitos anos de trabalho e ás “Selecções” claro!
Fui buscar a
Olga, pois já tinha reparado de longe no seu ar de (estar a ser simpática sem
querer), que me dizia: Vem-me buscar depressa que já não aguento mais!... Dançamos, sorrindo aos nossos amigos aveirenses,
enquanto me contava ao ouvido, que a aveirense era uma pedante, diz que tem
barcos de pesca e uma fábrica de conservas, enfim! (Armadora diz ela... É mas é
armante que rima com petulante).
Depois de
dois boleros, uma rumba e dois tangos, demos por finda a nossa noite de dança,
principalmente quando os ritmos começaram a ser mais fortes, era divertido, mas
não tínhamos propriamente vinte anos. Subimos para os nossos aposentos,
estávamos maçados o dia tinha sido cansativo, andamos muito a pé. Adormecemos
nos braços um do outro, ao som da Barbra Streisand cantando “Memory” muito
baixinho, no aparelho de rádio do quarto do hotel.
Para o
segundo dia da nossa estadia no Egipto, temos um programa maravilhoso, vamos
visitar as pirâmides e outros monumentos de interesse. A partida no ”Nile
Emerald” está marcada para as 09.00h em ponto, no cais sul do rio Nilo. Iremos
subi-lo e apreciar a paisagem.
Do programa
faz parte a visita ás célebres e milenárias pirâmides de Gizé e à simbólica e
enigmática Esfinge. Após o almoço iremos visitar Sakkara, Mastaba de Ti e
pirâmide escalonada de Djoser, considerada a mais antiga do Egipto. Faz ainda
parte do itinerário, a visita ás pirâmides de Dahsour, descobertas no início do
século e abertas ao mundo em Setembro de 96. O regresso ao hotel está marcado
para as 20.00h.
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