sábado, 17 de outubro de 2020

FADOCANTO E OUTROS FADOS





PARTE 10 (91 A 100)


91

MARIA DO DOURO 

 
Bonita de cor trigueira
Tem nos olhos a canseira
Duma vindima do Douro
Tem no corpo o movimento
De danças feitas ao vento
Num campo de milho louro
 
Maria do Douro
Tu és o tesouro
Que ainda nos resta
É doce teu vinho
Que alegra o povinho
Em dias de festa
Na terra que amanhas
Na luta que ganhas
O pão do teu dia
É teu esse chão
E queiras ou não
És D’ouro Maria
 
Nascida em terra de lendas
Na arca que guarda as rendas
Vive uma moira encantada
E nos cantaréus que canta
Anda uma alegria santa
A ponto de cruz bordada 
 
 
 
Música da dupla: Manuel Rego e Samuel Cabral
 
 
 
 
Gravado em LP e K7 por Eduardo Alípio em 1991

 


92

MENINA DOS OLHOS MEIGOS 

 
Chamei-lhe menina dos olhos meigos
Ao seu olhar não pude resistir
Adivinhava o sabor dos seus beijos
Pelo doce raiar do seu sorriso
 
Seu andar ondulante de varina
Sei que fascinava a um qualquer
Olhar aquele corpo de menina
Metido assim num corpo de mulher
 
Um dia não me pude mais conter
E segredei-lhe toda a sorte minha
Passava lá na rua só p’ra ver
Os lindos olhos meigos qu’ela tinham
 
E hoje a menina dos olhos meigos
Ilumina no lar nossos destinos
Satisfaz meus caprichos meus desejos
E deu-me uns olhos meigos pequeninos 
 
 
 
Fado Súplica de: Armando Machado 
 
 
 
Criação de Manuel Gonçalves em 1986
Gravado em CD por Joaquim Brandão em 2003


93

MENINA MIMADA 

 
Para ti eu escrevi // Este poema
Palavras deste fado // Que te canto
Juntei saudades de ti // E fiz o tema
Não chorei por ter secado //Já meu pranto
 
Como a menina mimada // Põe de lado
Brinquedo qu’e agora é lixo // Mas amou
Já fui verso que rimava // No teu fado
E agora por capricho // Já não sou
 
Nada fiz para sofrer // Esta ansiedade
Amei-te p’la vida fora // Loucamente
Mas aprendi a viver // Com a saudade
E só em sonhos agora // Estás presente
 
Tu sabes que é verdade // Sou sincero
Que sofro amargurado // O teu desdém
Posso morrer de saudade // Mas não quero
O amor mendigado // De ninguém 
 
 
 
Fado menor em Versículo de: Alfredo Marceneiro 
 
 
 
Criação de Joaquim Brandão em 2004


94

MEU AMOR, MEU POEMA 

 
Quero dormir em teus braços
És colo dos meus cansaços
Poema que eu concebi
Aproveitando este ensejo
Vou confessar-te num beijo
Que gosto muito de ti
 
Ninguém me conte a verdade
Dizendo que a felicidade
Não passa duma expressão
Antes viver na utopia
Num mundo de poesia
Que perder essa ilusão
 
Quero que sejas meu fado
Todo a rimas bordado
Com linhas feitas de luz
Que tenha alma e me diga
Muito mais que uma cantiga
Na minha voz que o traduz
 
Quando a tristeza vier
Chamo-te minha mulher
P’ra fazeres amor comigo
Num incesto mais que louco
Vou fazendo pouco a pouco
Este poema contigo
 
 
 
 
Fado Maria Rita de: Armando Machado 
 
 
 
Criação de Bruno Alves em 2016


95

MEU AMOR, MINHA CIDADE

(Minha joia em granito)

 
 
Meu Porto bordado a ouro
Nas finas rendas do Douro
Meu amor minha cidade
Ò minha joia em granito
Que guardas em ti o grito
Do teu povo à liberdade
 
Do Bonfim à Cantareira
Do Amial à Ribeira
Cada rua tem história
Foi do Ouro triunfante
Que partiu o nosso Infante
A caminho da glória
 
O meu Porto destemido
Nunca, nunca foi vencido
E adora o S. João
Quando lutou lado a lado
Com o nosso Rei Soldado
Ele deu-lhe o coração
 
A tua maior medalha
É teu povo que trabalha
Tripeiro mas com vaidade
És “Nobre e sempre leal”
Deste o nome a Portugal
Nossa Senhora te guarde 
 
 
 
Fado Franklin de Franklin Godinho (Maria Augusta)
Fado Britinho de Frederico de Brito(Nelson Duarte) 
 
 
 
1º Prémio da Grande Noite de Fado do Porto1990
Gravado em K7 por Maria Augusta em 1992
Regravado em CD por Maria Augusta em 2002
Gravado em CD por Nelson Duarte em 2016 (Como: Minha Jóia em Granito)


96

MEU ARCO-IRIS 

 
Ando de Negro vestida
Com meu xaile bordado
É meu destino na vida
De Negro cantar o fado
 
Não fossem desilusões
Que a vida também me deu
As minhas recordações
Eram Rosa como eu
 
Mas nem tudo foi cinzento
A vida deu-me também
Mais que uma vez o momento
Tão bonito de ser mãe
 
E se de verde me vires
Não fiques admirado
Fiz da vida um arco-íris
Com as cores deste meu fado 
 
 
 
Fado Isabel de: José Fontes Rocha 
 
 
 
Criação de América Rosa em 1991


97

MEU BERÇO, MEU BAIRRO 

 
Bairrismo não e pecado
Pecado e pormos de lado
O lugar onde nascemos
É não guardar na memória
Um pedacinho de história
Do bairro onde crescemos
 
Dos lugares que o porto tem
A Sé será sempre mãe
Ali nasceu a cidade
E d’Aldoar às Eirinhas
Do bairro das Fontainhas
Eu guardo tanta saudade
 
Essa cascata altaneira
A rampa da corticeira
Alameda a sua fonte
Aguarela d’encantar
Com a serra do Pilar
Na tela mesmo defronte
 
Bairro de gente modesta
E que um Junho fica em festa
Com manjerico e balão
S. João meu doce bem
Fontainhas minha mãe
Meu berço, meu coração 
 
 
 
Fado Marcha do Marceneiro de: Alfredo Marceneiro 
 
 
 
Criação de Maria José em 2000


98

MEU ENLEVO MINHA MÃE 

 

Ò minha mãe, minha mãe
Meu enlevo e doce bem
Minha vida meu destino
Em teu colo ainda moro
E me deito quando choro
É assim desde menino
 
Nas horas boas e más
Que a vida sempre nos traz
Não me falta teu carinho
Vens sempre com teu calor
E o teu divino amor
Apontando o meu caminho
 
És meu Sol minha luz
Sou teu filho tua cruz
E o teu fado também
E pelas dores que tiveste
Pelo amor que me deste
Obrigada minha mãe 
 
 
 
Fado Vitória de Joaquim Campos (Eduardo Alípio e Firmino Pereira)
Fado Acácio de Acácio Gomes (Nelson Duarte) 
 
 
 
Gravado em CD por Eduardo Alípio em 1994
Gravado em CD por Nelson Duarte em 2006
Gravado em CD por Firmino Pereira em 2014 


99

MEU FADO DOR 

Tenho sofrido, é verdade
A dor que tem a saudade
Quando o amor é ausente
É sempre assim que acontece
Quando a gente não s’esquece
De quem se esquece da gente
             
Por Deus nunca foi preciso
Ter que vender meu sorriso
Na vida seja a quem for
Mas confesso, estou cansada
De chorar na madrugada
Meus fados feitos de dor
 
Não se ralem se eu disser
Que na vida uma mulher
Tem a sina mais marcada
Ò homem tudo s’esquece
A mulher peca e padece
E não mais é perdoada
 
Escondo a minha tristeza
No fado como quem reza
Vou cantando o meu penar
Quem canta seu mal espanta
Mas sinto um nó na garganta
É minha alma a chorar 
 
 
 
Fado Três Bairros de: Casimiro Ramos 
 
 
 
Criação de Lídia Maria em 1989
Cantado por Olga Duarte em 2006


100

MEU FADO TEUS OLHOS

 

Dizem que nossos olhos nunca mentem
Nem sabem esconder uma emoção
Dizem até que os olhos quando sentem
Sentem muito mais que o coração
 
A ser verdade assim este ditado
Não sei porque nunca consigo eu
Ler nos teus olhos lindos o meu fado
Que tu nunca cantas mas é meu
 
Dentro dos meus olhos vês ternura
Que ponho nas palavras que te digo
Mas nunca reparaste n’amargura
De não ler em teus olhos por castigo
 
Consegues simular tua emoção
Teus olhos nunca falam a verdade
Um dia ouvirás teu coração
Mas pode meu amor ser muito tarde 
 
 
 
Fado Alberto de: Miguel Ramos 
 
 
 
Criação de Alma Rosa em 1992

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