PARTE 10 (91 A 100)
91
MARIA DO DOURO
Bonita de cor trigueira
Tem nos olhos a canseira
Duma vindima do Douro
Tem no corpo o movimento
De danças feitas ao vento
Num campo de milho louro
Maria do Douro
Tu és o tesouro
Que ainda nos resta
É doce teu vinho
Que alegra o povinho
Em dias de festa
Na terra que amanhas
Na luta que ganhas
O pão do teu dia
É teu esse chão
E queiras ou não
És D’ouro Maria
Nascida em terra de lendas
Na arca que guarda as rendas
Vive uma moira encantada
E nos cantaréus que canta
Anda uma alegria santa
A ponto de cruz bordada
Música
da dupla: Manuel Rego e Samuel Cabral
Gravado
em LP e K7 por Eduardo Alípio em 1991
92
MENINA DOS OLHOS MEIGOS
Chamei-lhe menina dos olhos meigos
Ao seu olhar não pude resistir
Adivinhava o sabor dos seus beijos
Pelo doce raiar do seu sorriso
Seu andar ondulante de varina
Sei que fascinava a um qualquer
Olhar aquele corpo de menina
Metido assim num corpo de mulher
Um dia não me pude mais conter
E segredei-lhe toda a sorte minha
Passava lá na rua só p’ra ver
Os lindos olhos meigos qu’ela tinham
E hoje a menina dos olhos meigos
Ilumina no lar nossos destinos
Satisfaz meus caprichos meus desejos
E deu-me uns olhos meigos pequeninos
Fado Súplica de: Armando Machado
Criação
de Manuel Gonçalves em 1986
Gravado
em CD por Joaquim Brandão em 2003
93
MENINA MIMADA
Para ti eu
escrevi // Este poema
Palavras
deste fado // Que te canto
Juntei
saudades de ti // E fiz o tema
Não chorei
por ter secado //Já meu pranto
Como a menina
mimada // Põe de lado
Brinquedo
qu’e agora é lixo // Mas amou
Já fui verso
que rimava // No teu fado
E agora por
capricho // Já não sou
Nada fiz para
sofrer // Esta ansiedade
Amei-te p’la
vida fora // Loucamente
Mas aprendi a
viver // Com a saudade
E só em
sonhos agora // Estás presente
Tu sabes que
é verdade // Sou sincero
Que sofro
amargurado // O teu desdém
Posso morrer
de saudade // Mas não quero
O amor
mendigado // De ninguém
Fado menor em Versículo
de: Alfredo Marceneiro
Criação de Joaquim Brandão em 2004
94
MEU AMOR, MEU POEMA
Quero dormir
em teus braços
És colo dos
meus cansaços
Poema que eu
concebi
Aproveitando
este ensejo
Vou
confessar-te num beijo
Que gosto
muito de ti
Ninguém me
conte a verdade
Dizendo que a
felicidade
Não passa
duma expressão
Antes viver
na utopia
Num mundo de
poesia
Que perder
essa ilusão
Quero que
sejas meu fado
Todo a rimas
bordado
Com linhas
feitas de luz
Que tenha
alma e me diga
Muito mais
que uma cantiga
Na minha voz
que o traduz
Quando a
tristeza vier
Chamo-te
minha mulher
P’ra fazeres
amor comigo
Num incesto
mais que louco
Vou
fazendo pouco a pouco
Este poema
contigo
Fado Maria Rita de:
Armando Machado
Criação de Bruno Alves em 2016
95
MEU AMOR, MINHA CIDADE
(Minha joia em granito)
Meu Porto bordado a ouro
Nas finas rendas do Douro
Meu amor minha cidade
Ò minha joia em granito
Que guardas em ti o grito
Do teu povo à liberdade
Do Bonfim à Cantareira
Do Amial à Ribeira
Cada rua tem história
Foi do Ouro triunfante
Que partiu o nosso Infante
A caminho da glória
O meu Porto destemido
Nunca, nunca foi vencido
E adora o S. João
Quando lutou lado a lado
Com o nosso Rei Soldado
Ele deu-lhe o coração
A tua maior medalha
É teu povo que trabalha
Tripeiro mas com vaidade
És “Nobre e sempre leal”
Deste o nome a Portugal
Nossa Senhora te guarde
Fado Franklin de Franklin Godinho (Maria Augusta)
Fado Britinho de Frederico de Brito(Nelson Duarte)
1º
Prémio da Grande Noite de Fado do Porto1990
Gravado
em K7 por Maria Augusta em 1992
Regravado
em CD por Maria Augusta em 2002
Gravado
em CD por Nelson Duarte em 2016 (Como: Minha Jóia em Granito)
96
MEU ARCO-IRIS
Ando de Negro
vestida
Com meu xaile
bordado
É meu destino
na vida
De Negro
cantar o fado
Não fossem
desilusões
Que a vida
também me deu
As minhas
recordações
Eram Rosa
como eu
Mas nem tudo
foi cinzento
A vida deu-me
também
Mais que uma
vez o momento
Tão bonito de
ser mãe
E se de verde
me vires
Não fiques
admirado
Fiz da vida
um arco-íris
Com as cores
deste meu fado
Fado Isabel de: José
Fontes Rocha
Criação de América Rosa em 1991
97
MEU BERÇO, MEU BAIRRO
Bairrismo não
e pecado
Pecado e
pormos de lado
O lugar onde
nascemos
É não guardar
na memória
Um pedacinho
de história
Do bairro
onde crescemos
Dos lugares
que o porto tem
A Sé será
sempre mãe
Ali nasceu a
cidade
E d’Aldoar às
Eirinhas
Do bairro das
Fontainhas
Eu guardo
tanta saudade
Essa cascata
altaneira
A rampa da
corticeira
Alameda a sua
fonte
Aguarela
d’encantar
Com a serra
do Pilar
Na tela mesmo
defronte
Bairro de
gente modesta
E que um
Junho fica em festa
Com manjerico
e balão
S. João meu
doce bem
Fontainhas
minha mãe
Meu berço,
meu coração
Fado Marcha do
Marceneiro de: Alfredo Marceneiro
Criação de Maria José em 2000
98
MEU ENLEVO MINHA MÃE
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