PARTE 7 (61 A 70)
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FECHO OS OLHOS P’RA TE VER
Nem um adeus me disseste
Um beijo apenas me deste
Tão leve que o ar levou
Com a pressa que partiste
Em meus olhos tu nem viste
A saudade que ficou
E no mar da tua ausência
Eu afogo esta carência
Que sinto em te não ver
É virado p’rá distância
Que se mede a importância
Que um grande amor pode ter
Fecho os olhos p’ra te ver
Vejo um poema crescer
Neste fado que escrevi
Volta amor por caridade
Já não suporto a saudade
Nem posso viver sem ti
Fado Marcha do Marceneiro de: Alfredo Marceneiro
Gravado
em CD por Melanie em 2003
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FELICIDADE FÉ E ARTE
Esta vida tem momentos
De radiosa alegria
E outros de maus tormentos
Cada um ao nascer
Traz o destino marcado
Pela sorte que vai ter
Felicidade
Não é um bem permanente
Diz o povo e é verdade
Que bate à porta da gente
Em qualquer parte
Cada um tem a que quer
Basta ter fé e ter arte
E o amor duma mulher
Pecador ou perfeito
O ser feliz neste mundo
Cada um tem o direito
Mas a vida contradiz
Entre o homem rico ou pobre
Escolham o mais feliz
Fado Loucura de: Júlio de Sousa
Gravado
em K7 por Augusto Lopes em 1992
Regravado
em CD em 2002
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FOGUEIRA DO TEMPO
É na fogueira do tempo
Que meu tempo se consome
Na raiva de não ter tempo
E morrer com essa fome
A chama que a vida tem
Vai morrendo hora a hora
A minha esp’rança também
Vai morrendo vida fora
E foge-me o tempo então
Como areia entre os dedos
Só não foge esta impressão
Que tenho de tantos medos
Quando acabar o meu tempo
Acabará p’ra mim também
Este lutar contra o tempo
Para ser na vida alguém
Se um dia alguém tiver tempo
De lembrar que eu existi
Que não seja por lamento
De algum tempo que perdi
Fado Isabel de: José Fontes Rocha
Gravado
em K7 por Nicolau Rocha em 1994
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FUI ADULTA MUITO CEDO
Sou mãe,
mulher e fui também criança
Pisei
descalça, ruas sem ter medo
Poucas
recordações tenho d’infância
Porque fui
adulta muito cedo
Recordo
alguns brinquedos dos baratos
Despesas
foram sempre pouca monta
Minha linda
boneca era de trapos
Para brincar
às mães do faz-de-conta
Lembro a dor
que tem as mãos de frio
E tanta raiva
contida no olhar
De ver outros
brincar e eu no rio
Com tanta, tanta
roupa p’ra lavar
Depois este
meu fado, meu sentir
Deu à
minh’alma esta esperança
De ver hoje
meus filhos a sorrir
E lembrar que
fui também criança
Fado Latino de: Miguel
Ramos
Criação de Fátima Alves em 1995
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GERAÇÃO CRIATIVA
Todos recordamos, são lembranças
Dos tempos de miúdo a brincadeira
Mas hoje já não se vêm crianças
Brincarem como nós dessa maneira
Onde estão o arco e a gancheta
Cowboys com pistolas de madeira
As flechas feitas de vareta
Peão bico-de-lança e faniqueira
Criança no mundo sempre houve
Mas minha geração foi criativa
Jogar hóquei com troços de couve
E guiador de arame p’rá corrida
A bola de trapos e a casquinha
Brincar ao eixo e ao Bom-barqueiro
Jogarmos à pincha e ao virinha
E fazermos dos botões dinheiro
Juntar os “Vitórias” e procurar
O tal carimbado com esperança
Mas como é bom hoje recordar
Brincadeiras de quando era criança
Fado Cuf de: Alfredo Marceneiro
Criação
de Manuel Gonçalves em 1986
Cantou
Franclim Simões em 1994 (Fado Zeca)
Gravado
em CD por Joaquim Brandão em 2003
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GOSTO E NÃO GOSTO
Eu gosto de
sentir essa doçura
Que pões na
minha boca quando beijas
Não gosto de
sentir esta amargura
De saber que
há outras que desejas
Eu gosto dos
teus olhos meu amor
Da maneira
linda que tens de olhar
Mas não gosto
de ver neles rancor
A zanga
quando vem faz-me chorar
Eu gosto de
sentir essa emoção
Que pões nas
palavras com ternura
Mas não gosto
que ralhes sem razão
Quando
inventas ciúmes á mistura
Eu gosto de
estar dentro dos teus braços
Manda no meu
destino se quiseres
Mas não gosto
que guies os teus passos
Prós braços
maldosos doutras mulheres
Eu gosto de
gostar tanto de ti
Que de ti meu
amor escrava sou
Só não gosto
que andes por aí
Desperdiçando
este amor que te dou
Fado Licas de: Armando
Machado
Criação de Rosa Cruz em 1989
Cantado por Fátima Cunha em 2002
Gravado para Yutube por Jorge Miguel
em 2017
67
GOSTO TANTO DE TI
Eu gosto
tanto de ti
Que num só
dia senti
Saudades de
te não ver
O dia a custo
passou
A noite tanto
custou
Meu amor por
te não ter
Para o teu
corpo afagar
E a tua boca
beijar
Meu Deus como
demora
Eu queria ter
o poder
De num minuto
fazer
O tempo de
uma hora
Quero dar-me
com loucura
E sentir toda
a ternura
Que tu tens
para me dar
E poder num
só segundo
Ter todo o
tempo do mundo
Que quiser
para te amar
Apenas, num
dia apenas
Cantei p’ra
ti mil poemas
Com raiva de
te não ter
Eu gosto
tanto de ti
Que num só
dia senti
Saudades de
te não ver
Fado Três Bairros de:
Casimiro Ramos
Criação de António Tavares em 1992
Cantado por Maria Helena em 2014
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HINO DA BELA
Sou dum lugar
onde vive boa gente
Que tem
guardado uma lenda p’ra contar
Daquela moura
encantada de serpente
Qu’era tão
bela que deu nome ao meu lugar
Sou dum clube
que tem grande palmarés
E tem vaidade
na sua história altaneira
Que tem o
Leça a correr mesmo a seus pés
E a fonte dos
amores p’rá vida inteira
Sou de
Ermesinde
Vivo na Bela
E não há
terra tão bonita como ela
Sou de
Ermesinde
Vivo na Bela
As minhas cores
são a Verde e Amarela
Sou de
Ermesinde
Vivo na Bela
O meu clube é
a minha cidadela
Sou de
Ermesinde
Vivo na Bela
E tenho
orgulho nesta terra tão singela
Música e gravação em CD de:Marco
Alves/2011
União Desportiva Cultural e Recreativa
da Bela
69
HINO DOS GUINDAIS
Estas escadas
A ponto de
cruz bordadas
São queridas,
são amadas
Mora aqui o
“Cultural”
Esta muralha
É uma
velhinha grisalha
Que tem ao
peito a medalha
Do nosso povo
ancestral
Ser dos
Guindais
É ser povo de
verdade
Ser tripeiro
com vaidade
Ser do Porto
é bom demais
Ser dos
Guindais
É viver no
casario
Destas
pedras, deste rio
Neste Douro,
neste cais
Ser dos
Guindais
É ter orgulho
na Sé
É ter na vida
mais fé
Por saber que
vale mais
E esta ponte
Que vive
mesmo defronte
É do mundo um
horizonte
Património
Mundial
A Sé velinha
De história
carregadinha
É dos bairros
a rainha
Aqui nasceu
Portugal
Música e gravação em CD de:Marco
Alves/2008
Clube Desportivo e Cultural dos
Guindais
70
HOJE PASSO A NOITE
FORA
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