segunda-feira, 26 de outubro de 2020

UM CRUZEIRO DE SONHO

 





PARTE 3





 
 
      E assim, partimos ao encontro da aventura, pelo terceiro rio maior do mundo, o Nilo, com 6.670 km. Este rio que desde tempos imemoriais, é a base de tudo para as populações ribeirinhas a ele. Era o Nilo que fornecia a água necessária à sobrevivência e do plantio do Egipto. No período das cheias, as águas do Nilo transbordam o leito normal, cerca de 20 km. E inundam as margens, depositam aí uma camada riquíssima de húmus, aproveitada com sabedoria pelos egípcios. Mal o período de enchentes passa, aproveitam ao máximo o solo fértil para cultivo. Actualmente o Nilo garante a sobrevivência de um décimo da população africana.
       O turismo tem sido muito importante para o Egipto e para o conhecimento do mundo antigo pelo mundo moderno e avaro de saber as suas origens. Pena é que a indústria turística tenha entrado em declínio a partir dos anos 90, quando os fundamentalistas islâmicos começaram a atacar turistas ocidentais. O seu objectivo era pressionar o governo para uma maior islamização. O resultado foi um rápido declínio no número de visitantes e um rombo nas receitas do comércio externo do país.
       As cidades do Egipto estão ligadas por estradas capazes, mas o caminho de ferro é o principal transporte do país. O metropolitano foi recentemente inaugurado no Cairo (1987); E o Canal de Suez é uma rota marítima internacional de grande importância para o mundo, e muito importante para economia do Egipto.
             
      Com uma população de 63 milhões de habitantes, o Egipto tem uma taxa de natalidade fora do comum. Não fora o envio de remessas dos egípcios que trabalham no estrangeiro. As portagens do Canal de Suez e a produção de algodão, juntamente com os rendimentos do petróleo e do gás, principais riquezas do país, o Egipto estavam em maus lençóis. Mas as disparidades de riqueza são muito acentuadas. A comunidade cristã, fundamentalmente urbana, é o grupo com o nível de vida mais alto. Depois o regresso de muitos trabalhadores dos Estados do Golfo (em guerra) agravou as condições de emprego nas zonas rurais.
       Enfim, é este o Egipto actual tão diferente do tempo das tribos estabelecidas no vale do Nilo, com uma organização social vinda do ano 3.500 a C. Passando em 1967 pelo grande conflito com Israel (Guerra dos Seis Dias). Até aos acordos de Camp David em 1981 e pelo assassinato de Sadat por integralistas muçulmanos.
       
      Conversava eu sobre este tema, (história do Egipto), com o meu amigo Tavares de Aveiro, quando reparei que tínhamos chegado ao cais de Sakkara. Porto fluvial do Nilo. O barco em que viajávamos o “Nile Emerald”, era veloz e muito bem equipado, com um bar enorme e bem apetrechado, um deck (esplanada) a todo o comprimento, assim como toldos que davam uma sombra apetecível, e nos protegia daquele Sol sufocante do deserto. Íamos assim confortávelmente instalados em cadeirões e mesas com bebidas frescas.
      O calor era já insuportável. Ainda nós por recomendação da nossa guia, íamos à vontade, de ténis e fato de treino, o da Olga de cor verde-claro e muito solto, ficava-lhe bem, e além disso, um lenço de seda verde-escuro, amarrava-lhe o cabelo apanhado em puxo, fazendo sobressair umas largas argolas à cigana e óculos de sol.                     
      Desembarcamos e seguimos a guia em direcção à primeira construção piramidal erguida pelos egípcios: A  Djoser, a pirâmide em degraus ou escalonada como lhe chamam. Magnifica nos seus 62 mts. Mandada construir por “Inhtep” em 2.900 a C., que lhe pôs o nome do Rei Egípcio da 3ª dinastia, “Djoser”.
     Dali seguimos em visita à “Mastava de Ti”, túmulo de forma trapezoidal, ornado com baixos-relevos ao deus do Sol “RÁ”.
      Almoçamos num restaurante local, tratava-se de uma tenda enorme com o solo coberto de lindas carpetes onde abundavam almofadas em veludo à volta de mesas baixas e onde todos descalços tiveram um almoço ligeiro de pão árabe, achatado e redondo, feito á base de leite morno e trigo. Acompanhado de Bikli, porção de legumes curtidos em conserva. O prato principal era carne de frango aos pedaços e grelhada a que dão o nome de Kebabs, com salada de thaina. Tudo regado com Karkadeh, uma bebida refrescante feito de pétalas da flor de hibisco, embora fosse servido chá e limonada gelada.
      Descansamos um pouco, e prosseguimos a visita desta vez ás milenárias pirâmides (Datadas de 2.690 a C.) de “Mikerinos” com 62 metros de altura; “Kefren” com 136 e “Kheops” com 137.2 metros de altura, considerada a grande pirâmide.
      Foi aqui que em 21 de Julho de 1798 e depois de ver destroçada por Nelson toda a armada francesa, isolando no Egipto o exercito napoleónico, que Napoleão Bonaparte pronunciou a apóstrofe que ficou célebre: “Soldados, do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”.
      E não admira que Bonaparte o tenha dito, qualquer ser humano fica como um grão de areia, perante tal monumentalidade. Sem conseguir compreender como foi possível tal proeza construída por seres humanos, sem as mínimas condições de trabalho e com a tecnologia da época, que ainda está por esclarecer na realidade, quiçá grandes estudos feitos, desde 1926, ano em que foram feitas escavações de grande importância para a arqueologia mundial. Foi precisamente a partir desta data, que o mundo pode admirar a famosa Esfinge, depois de protegida mais de dois mil anos por areia.      
      A Esfinge é o monumento mais enigmático do Egipto. Tem sobrevivido ao longo dos séculos, para guardar os túmulos dos Faraós. Continua no entanto, a ser um mistério este marco artístico da civilização ao longo do tempo. Quem a construiu? Trata-se de uma obra de colossais dimensões, cortada no próprio rochedo, e à qual se atribui a tarefa de vigiar as três principais pirâmides do Egipto.Com o corpo de leão e a cabeça de um humano, há quem pense tratar-se da representação do deus Rá, esta obra considerada a mais antiga escultura existente.
      Hoje corre grande perigo: a erosão do vento e a poluição tem contribuído para a gradual destruição do monumento. Esperamos que o tempo não se esgote, sem que os artistas e engenheiros desenvolvam esforços no sentido de salvarem a relíquia mais preciosa do Egipto.
        
       Eram quase 20h00 quando regressamos ao hotel.
       Passamos uma noite agradável, a última no Egipto, e após o pequeno-almoço, regressamos não ao cais de Rashid, mas sim ao cais do aeroporto do Cairo. É verdade íamos para a Grécia, directamente de avião. Depois das formalidades de embarque, saímos num voo da Egiptair rumo a Atenas.
Fazia parte do programa, esta viagem de avião, viemos a saber posteriormente, que a via marítima entre o Egipto e a Grécia, é muito demorada devido à enorme quantidade de ilhas do Mar de Creta. Disse-nos a nossa guia, (a linda, elegante, culta e simpática Gilda) que enquanto o “Malhoa” demorava mais de um dia a chegar ao cais de Atenas, passando primeiro pelo estreito de Carpatos, entre a ilha do mesmo nome e a tal ilha de Rodes, (Também chamada Ilha do Sol), onde em 280 a C. foi construída a considerada 4ª maravilha do mundo: O Colosso de Rodes, com 47 metros de altura, que dorme no fundo do mar desde a sua destruição em 224 a C. Depois da ilha de Milos (onde foi descoberta a Vénus do mesmo nome), passando pela Ilha de Lindos, (onde foi filmado o famoso filme “Os canhões de Navarone”), e antes de chegar à ilha de Lesbos (a tal onde só viviam mulheres) e que deu o nome ao (Lesbianismo), passando pelo Canal de Kafiréus para entrar finalmente em Atenas muito depois do pôr-do-sol.
      De avião até à capital da Grécia bastavam nem duas horas de viagem. Assim poupava-se tempo no itinerário previamente programado, e todos nós podíamos visitar Atenas mais à vontade.
      Chegamos ao aeroporto de Atenas passava das onze da manhã. Depressa e sem contratempos, embarcamos em autocarros do próprio hotel o ”Athens Imperial” e em pouco tempo estávamos acomodados nos nossos quartos e prontos para o almoço. O primeiro em terras da Grécia, um menu à grego que nos deslumbrou pois constava de: Espargos gratinados; Filetes de peixe com molho de laranja; Sonhos de arroz com favas e Canapés doces de alperce para a sobremesa. O vinho era delicioso ou não estivéssemos nós em terras de Dionísio, o Deus do Vinho.
      Foi este almoço divino, regado e muito bem falado, pois havia uma excitação no ar pela coincidência curiosa que tivemos, ao encontra-mos na gare de chegada do aeroporto, a equipa do Futebol Clube do Porto, que ia disputar um jogo da Liga dos Campeões Europeus, com o Olympiakos de Atenas. Faziam parte do grupo A, cuja liderança, na altura, era do Ajax, com 7 pontos, tantos quantos o Olympiakos que estava em 2º lugar. Tratava-se do penúltimo jogo da primeira fase e o F.C.P, (soube no dia seguinte), tinha sido derrotado por 2-1 depois de ter perdido a oportunidade de marcar um pénalti, sendo assim, foi afastado da competição numa noite em que os Deuses foram mesmos Gregos.
      Soubemos mais tarde, que tinham surgido alguns problemas com a viagem, pois o avião em que viajaram, tinha sido alugado pela indonésia e fretado pela agência grega que transportou o F. C. P. à Grécia. A equipa sentia-se desconfortável num avião dum país, o qual Portugal tinha cortado relações diplomáticas. A Indonésia tinha ocupado indevidamente a província de Timor, (depois de Portugal a ter abandonado?) sem que o povo timorense tivesse tempo de se organizar em democracia, escolhendo como queria viver a sua liberdade.
      Mas voltando a Atenas. Logo depois de almoço partimos em autocarros de turismo, numa visita panorâmica à cidade, acompanhados de uma guia local (não dispensando, está claro, a nossa Gilda, que nos traduzia o inglês arranhado da bonita ateniense). Vimos assim o Estádio Olímpico, onde a Rosa Mota já venceu uma maratona, e onde em 2004 se realizaram os jogos Olímpicos, os primeiros do novo milénio. Numa cidade que honra a sua tradição desportiva, desde os tempos remotos da mitologia grega, onde divindades como Hércules, eram tidas como exemplos a seguir. Passamos ainda pelo Palácio Real, a Academia, a Universidade, o Museu Arqueológico, o Templo de Zeus, o Teatro Dionísio.
      Todos os monumentos de uma arquitectura fantástica. Foi bonito de ver “In loco” todas aquelas maravilhas que até aqui só conhecíamos dos filmes, das enciclopédias e das gravuras em postais, etc.
      Quando no dia seguinte, logo após o pequeno-almoço no hotel, partimos no autopllman que nos levou à Acrópole, onde podemos admirar o Partenon, o Erectum e o Templo da Vitória. Aí nesses lugares, sente-se que algo nos é familiar, foi ali que a civilização europeia nasceu, aquele chão, aquela terra, foi a terra dos nossos parentes ancestrais, dos nossos avós.
      Depois de almoçarmos em Tripolis, partimos no chamado Circuito Peloponeso até Olímpia, centro de culto de Zeus e berço dos Jogos Olímpicos. Visitamos o Estádio, o Templo de Zeus, o Pai dos Deuses e dos homens. Adorado como divindade do céu. A sua estátua esculpida por Fídias, foi considerada uma das maravilhas artísticas do mundo helénico. Visitamos ainda no Museu a estátua de Hermes, o Deus do Comércio o equivalente ao Deus Romano Mercúrio, filho de Zeus e Maia. Jantamos e ficamos alojados no Hotel Stanley na Cidade de Olímpia.
       No terceiro dia de estadia na Grécia, partimos logo pela manhã para Delfos, a bordo dum lindo navio de recreio da companhia Royal Olympic Cruiser. Passamos por Patras, onde a Grécia possui a sua maior refinaria de petróleo, atravessamos o estreito de Andrion e chegamos a Delfos. Aqui, além do seu Museu, numa paisagem deslumbrante podemos visitar, o famoso Monte Parnaso considerado a residência das Musas e do Deus Apolo.               
       Da parte da tarde, visitamos o Oráculo Apolo, um dos mais sagrados santuários da Grécia. Partimos em seguida para Atenas passando por Arakhova, célebre pelos seus tapetes maravilhosos e multicores.
       Compramos lembranças para todos, mas aquele anel o “Sortelha” com poderes de “magia”, assim diz a lenda, compramos para a Leninha. Ela bem precisa dum pouco de magia e sorte na vida. Que este anel seja um sortilégio e a sua vida se encha de bons fluídos e tenha um fado ou destino melhor que até aqui.

Sem comentários:

Enviar um comentário

ENQUANTO ME LEMBRO...