E assim, partimos ao encontro da aventura,
pelo terceiro rio maior do mundo, o Nilo, com 6.670 km. Este rio que
desde tempos imemoriais, é a base de tudo para as populações ribeirinhas a ele.
Era o Nilo que fornecia a água necessária à sobrevivência e do plantio do
Egipto. No período das cheias, as águas do Nilo transbordam o leito normal,
cerca de 20 km.
E inundam as margens, depositam aí uma camada riquíssima de húmus, aproveitada
com sabedoria pelos egípcios. Mal o período de enchentes passa, aproveitam ao
máximo o solo fértil para cultivo. Actualmente o Nilo garante a sobrevivência
de um décimo da população africana.
O turismo tem sido muito importante para o
Egipto e para o conhecimento do mundo antigo pelo mundo moderno e avaro de
saber as suas origens. Pena é que a indústria turística tenha entrado em
declínio a partir dos anos 90, quando os fundamentalistas islâmicos começaram a
atacar turistas ocidentais. O seu objectivo era pressionar o governo para uma
maior islamização. O resultado foi um rápido declínio no número de visitantes e
um rombo nas receitas do comércio externo do país.
As
cidades do Egipto estão ligadas por estradas capazes, mas o caminho de ferro é
o principal transporte do país. O metropolitano foi recentemente inaugurado no
Cairo (1987); E o Canal de Suez é uma rota marítima internacional de grande
importância para o mundo, e muito importante para economia do Egipto.
Com uma população de 63 milhões de
habitantes, o Egipto tem uma taxa de natalidade fora do comum. Não fora o envio
de remessas dos egípcios que trabalham no estrangeiro. As portagens do Canal de
Suez e a produção de algodão, juntamente com os rendimentos do petróleo e do
gás, principais riquezas do país, o Egipto estavam em maus lençóis. Mas as
disparidades de riqueza são muito acentuadas. A comunidade cristã,
fundamentalmente urbana, é o grupo com o nível de vida mais alto. Depois o
regresso de muitos trabalhadores dos Estados do Golfo (em guerra) agravou as
condições de emprego nas zonas rurais.
Enfim, é este o Egipto actual tão diferente
do tempo das tribos estabelecidas no vale do Nilo, com uma organização social
vinda do ano 3.500 a
C. Passando em 1967 pelo grande conflito com Israel (Guerra dos Seis Dias). Até
aos acordos de Camp David em 1981 e pelo assassinato de Sadat por integralistas
muçulmanos.
Conversava eu sobre este tema, (história do
Egipto), com o meu amigo Tavares de Aveiro, quando reparei que tínhamos chegado
ao cais de Sakkara. Porto fluvial do Nilo. O barco em que viajávamos o “Nile
Emerald”, era veloz e muito bem equipado, com um bar enorme e bem apetrechado,
um deck (esplanada) a todo o comprimento, assim como toldos que davam uma
sombra apetecível, e nos protegia daquele Sol sufocante do deserto. Íamos assim
confortávelmente instalados em cadeirões e mesas com bebidas frescas.
O calor era já insuportável. Ainda nós por
recomendação da nossa guia, íamos à vontade, de ténis e fato de treino, o da
Olga de cor verde-claro e muito solto, ficava-lhe bem, e além disso, um lenço
de seda verde-escuro, amarrava-lhe o cabelo apanhado em puxo, fazendo
sobressair umas largas argolas à cigana e óculos de sol.
Desembarcamos e seguimos a guia em direcção à
primeira construção piramidal erguida pelos egípcios: A Djoser, a pirâmide em degraus ou escalonada
como lhe chamam. Magnifica nos seus 62 mts. Mandada construir por “Inhtep” em 2.900 a C., que lhe pôs o
nome do Rei Egípcio da 3ª dinastia, “Djoser”.
Dali seguimos em visita à “Mastava de Ti”,
túmulo de forma trapezoidal, ornado com baixos-relevos ao deus do Sol “RÁ”.
Almoçamos num restaurante local, tratava-se
de uma tenda enorme com o solo coberto de lindas carpetes onde abundavam
almofadas em veludo à volta de mesas baixas e onde todos descalços tiveram um
almoço ligeiro de pão árabe, achatado e redondo, feito á base de leite morno e
trigo. Acompanhado de Bikli, porção de legumes curtidos em conserva. O prato
principal era carne de frango aos pedaços e grelhada a que dão o nome de
Kebabs, com salada de thaina. Tudo regado com Karkadeh, uma bebida refrescante
feito de pétalas da flor de hibisco, embora fosse servido chá e limonada
gelada.
Descansamos um pouco, e prosseguimos a visita
desta vez ás milenárias pirâmides (Datadas de 2.690 a C.) de “Mikerinos”
com 62 metros
de altura; “Kefren” com 136 e “Kheops” com 137.2 metros de
altura, considerada a grande pirâmide.
Foi aqui que em 21 de Julho de 1798 e depois
de ver destroçada por Nelson toda a armada francesa, isolando no Egipto o
exercito napoleónico, que Napoleão Bonaparte pronunciou a apóstrofe que ficou
célebre: “Soldados, do alto dessas pirâmides, quarenta séculos vos contemplam”.
E não admira que Bonaparte o tenha dito,
qualquer ser humano fica como um grão de areia, perante tal monumentalidade.
Sem conseguir compreender como foi possível tal proeza construída por seres
humanos, sem as mínimas condições de trabalho e com a tecnologia da época, que
ainda está por esclarecer na realidade, quiçá grandes estudos feitos, desde
1926, ano em que foram feitas escavações de grande importância para a
arqueologia mundial. Foi precisamente a partir desta data, que o mundo pode
admirar a famosa Esfinge, depois de protegida mais de dois mil anos por
areia.
A Esfinge é o monumento mais enigmático do
Egipto. Tem sobrevivido ao longo dos séculos, para guardar os túmulos dos
Faraós. Continua no entanto, a ser um mistério este marco artístico da
civilização ao longo do tempo. Quem a construiu? Trata-se de uma obra de
colossais dimensões, cortada no próprio rochedo, e à qual se atribui a tarefa
de vigiar as três principais pirâmides do Egipto.Com o corpo de leão e a cabeça
de um humano, há quem pense tratar-se da representação do deus Rá, esta obra
considerada a mais antiga escultura existente.
Hoje corre grande perigo: a erosão do vento e
a poluição tem contribuído para a gradual destruição do monumento. Esperamos
que o tempo não se esgote, sem que os artistas e engenheiros desenvolvam
esforços no sentido de salvarem a relíquia mais preciosa do Egipto.
Eram quase 20h00 quando regressamos ao
hotel.
Passamos uma noite agradável, a última no
Egipto, e após o pequeno-almoço, regressamos não ao cais de Rashid, mas sim ao
cais do aeroporto do Cairo. É verdade íamos para a Grécia, directamente de
avião. Depois das formalidades de embarque, saímos num voo da Egiptair rumo a
Atenas.
Fazia parte do programa, esta viagem de avião, viemos a
saber posteriormente, que a via marítima entre o Egipto e a Grécia, é muito
demorada devido à enorme quantidade de ilhas do Mar de Creta. Disse-nos a nossa
guia, (a linda, elegante, culta e simpática Gilda) que enquanto o “Malhoa”
demorava mais de um dia a chegar ao cais de Atenas, passando primeiro pelo
estreito de Carpatos, entre a ilha do mesmo nome e a tal ilha de Rodes, (Também
chamada Ilha do Sol), onde em 280
a C. foi construída a considerada 4ª maravilha do mundo:
O Colosso de Rodes, com 47
metros de altura, que dorme no fundo do mar desde a sua
destruição em 224 a
C. Depois da ilha de Milos (onde foi descoberta a Vénus do mesmo nome),
passando pela Ilha de Lindos, (onde foi filmado o famoso filme “Os canhões de
Navarone”), e antes de chegar à ilha de Lesbos (a tal onde só viviam mulheres)
e que deu o nome ao (Lesbianismo), passando pelo Canal de Kafiréus para entrar
finalmente em Atenas muito depois do pôr-do-sol.
De avião até à capital da Grécia bastavam
nem duas horas de viagem. Assim poupava-se tempo no itinerário previamente
programado, e todos nós podíamos visitar Atenas mais à vontade.
Chegamos ao aeroporto de Atenas passava das
onze da manhã. Depressa e sem contratempos, embarcamos em autocarros do próprio
hotel o ”Athens Imperial” e em pouco tempo estávamos acomodados nos nossos
quartos e prontos para o almoço. O primeiro em terras da Grécia, um menu à
grego que nos deslumbrou pois constava de: Espargos gratinados; Filetes de
peixe com molho de laranja; Sonhos de arroz com favas e Canapés doces de
alperce para a sobremesa. O vinho era delicioso ou não estivéssemos nós em
terras de Dionísio, o Deus do Vinho.
Foi este almoço divino, regado e muito bem
falado, pois havia uma excitação no ar pela coincidência curiosa que tivemos,
ao encontra-mos na gare de chegada do aeroporto, a equipa do Futebol Clube do
Porto, que ia disputar um jogo da Liga dos Campeões Europeus, com o Olympiakos
de Atenas. Faziam parte do grupo A, cuja liderança, na altura, era do Ajax, com
7 pontos, tantos quantos o Olympiakos que estava em 2º lugar. Tratava-se do
penúltimo jogo da primeira fase e o F.C.P, (soube no dia seguinte), tinha sido
derrotado por 2-1 depois de ter perdido a oportunidade de marcar um pénalti,
sendo assim, foi afastado da competição numa noite em que os Deuses foram
mesmos Gregos.
Soubemos mais tarde, que tinham surgido
alguns problemas com a viagem, pois o avião em que viajaram, tinha sido alugado
pela indonésia e fretado pela agência grega que transportou o F. C. P. à
Grécia. A equipa sentia-se desconfortável num avião dum país, o qual Portugal
tinha cortado relações diplomáticas. A Indonésia tinha ocupado indevidamente a
província de Timor, (depois de Portugal a ter abandonado?) sem que o povo
timorense tivesse tempo de se organizar em democracia, escolhendo como queria
viver a sua liberdade.
Mas voltando a Atenas. Logo depois de almoço
partimos em autocarros de turismo, numa visita panorâmica à cidade,
acompanhados de uma guia local (não dispensando, está claro, a nossa Gilda, que
nos traduzia o inglês arranhado da bonita ateniense). Vimos assim o Estádio
Olímpico, onde a Rosa Mota já venceu uma maratona, e onde em 2004 se realizaram
os jogos Olímpicos, os primeiros do novo milénio. Numa cidade que honra a sua
tradição desportiva, desde os tempos remotos da mitologia grega, onde divindades
como Hércules, eram tidas como exemplos a seguir. Passamos ainda pelo Palácio
Real, a Academia, a Universidade, o Museu Arqueológico, o Templo de Zeus, o
Teatro Dionísio.
Todos os monumentos de uma arquitectura
fantástica. Foi bonito de ver “In loco” todas aquelas maravilhas que até aqui
só conhecíamos dos filmes, das enciclopédias e das gravuras em postais, etc.
Quando no dia seguinte, logo após o
pequeno-almoço no hotel, partimos no autopllman que nos levou à Acrópole, onde
podemos admirar o Partenon, o Erectum e o Templo da Vitória. Aí nesses lugares,
sente-se que algo nos é familiar, foi ali que a civilização europeia nasceu,
aquele chão, aquela terra, foi a terra dos nossos parentes ancestrais, dos
nossos avós.
Depois de almoçarmos em Tripolis, partimos no
chamado Circuito Peloponeso até Olímpia, centro de culto de Zeus e berço dos
Jogos Olímpicos. Visitamos o Estádio, o Templo de Zeus, o Pai dos Deuses e dos
homens. Adorado como divindade do céu. A sua estátua esculpida por Fídias, foi
considerada uma das maravilhas artísticas do mundo helénico. Visitamos ainda no
Museu a estátua de Hermes, o Deus do Comércio o equivalente ao Deus Romano
Mercúrio, filho de Zeus e Maia. Jantamos e ficamos alojados no Hotel Stanley na
Cidade de Olímpia.
No terceiro dia de estadia na Grécia,
partimos logo pela manhã para Delfos, a bordo dum lindo navio de recreio da
companhia Royal Olympic Cruiser. Passamos por Patras, onde a Grécia possui a
sua maior refinaria de petróleo, atravessamos o estreito de Andrion e chegamos
a Delfos. Aqui, além do seu Museu, numa paisagem deslumbrante podemos visitar,
o famoso Monte Parnaso considerado a residência das Musas e do Deus Apolo.
Da parte da tarde, visitamos o Oráculo Apolo,
um dos mais sagrados santuários da Grécia. Partimos em seguida para Atenas
passando por Arakhova, célebre pelos seus tapetes maravilhosos e multicores.
Compramos lembranças para todos, mas aquele
anel o “Sortelha” com poderes de “magia”, assim diz a lenda, compramos para a
Leninha. Ela bem precisa dum pouco de magia e sorte na vida. Que este anel seja
um sortilégio e a sua vida se encha de bons fluídos e tenha um fado ou destino
melhor que até aqui.
Sem comentários:
Enviar um comentário