terça-feira, 6 de outubro de 2020

PALAVRAS SENTIDAS "POEMAS" 3

3ª FASE

FADO

É tão bom este pasmo

Este prazer este orgasmo

De ouvir um fado, mas um fado!

Bem sentido, bem cantado

Que deixa a alma voar

Que deixa o corpo a vibrar

Pelas palavras levado

Em guitarras pendurado  

 

Depois vem o arrepio

Dum calor cheio de frio

Dos pelos que se levantam

Do sangue que as veias cantam

Porque o fado quando é fado

Faz-nos olhar para dentro

E ver de novo outra vez

Como é bom ser português.

 

 

FADOCANTO

Trago fado no peito como alento

Junto ás minhas coisas mais secretas

Dou-lhe a minha voz cantando ao vento

Palavras mais sentidas dos poetas

 

Foi fado meu nascer ó minha mãe

Foi fado amores que tive e vi morrer

É fado o meu viver sem ter ninguém

Será fado o meu fim quando vier

 

Meu modo de cantar este meu jeito

Nasceu comigo numa tarde calma

Por isso trago fado no meu peito

E canto quando a dor m’invade a alma

 

É fado a minha voz que por encanto

Te leva esta mensagem plangente

É fado este sentir que t’amo tanto

E dizê-lo cantando a toda a gente.

 

 

 

GESTOS DE FADO

É a vela que se acende

É o silêncio qu’é chamado

É a Gina que se benze

Quando vai cantar o fado

 

E as guitarras encantam

Neste fado que é feitiço

As mãos da Lídia cantam

E ninguém repara nisso

 

Vem a noite, vem a ceia

E vem o fado dos loucos

E o corpo da Aida ondeia

Mas reparam muito poucos

 

Depois o fado comanda

Nossa dor, nossa emoção

Mas no rosto da Fernanda

Ninguém vê sua expressão

 

São gestos que o fado tem

Devem vê-los com atenção

Fechar os olhos, está bem

Mas… Abram o coração.

 

 

MEU FADO, MEU AMOR

 

Hás-de ir comigo ao fado

Hás-de sentir seu bailado

Seu encanto e esplendor

Quero que saibas amor

Que digam o que disserem

Quando as velas se acenderem

E ouvires o fado em silêncio

Vais saber que te pertenço.

 

Quero que ouças trinados

Das guitarras nos meus fados

Dos poemas que te fiz

Quero fazer-te feliz

E pegar na tua mão

Pousar nela o coração

E dizer-te que meu fado

Vive em ti quando te beijo

Cantá-lo é meu pecado

Amar-te é meu desejo.

 

 

TEU FADO

 

Quando as pombas dos teus olhos

Vieram nos meus pousar

Trouxeram ternura aos molhos

E desejos por desvendar.

Depois vi no teu sorriso

Um Sol como nunca vi

E nada mais foi preciso

Para ficar louco por ti.

Quando teu corpo ondulou

Em melodias de mar

Senti que o meu se afogou

Em sonhos por inventar.

Em teus gestos vi bailados

Que traduzem sentimentos

São carícias nos teus fados

Mas para mim são tormentos.

 

 

MARIA DO DOURO

 

Bonita de cor trigueira

Tem nos braços a canseira

Duma vindima do Douro

Tem no corpo o movimento

De danças feitas ao vento

Num campo de milho louro

 

Maria do Douro

Tu és o tesouro que ainda me resta

É doce teu vinho

Que alegra o povinho em dias de festa

Na terra que amanhas

Na luta que ganhas o pão do teu dia

É teu esse chão

E queiras ou não és D’ouro Maria

 

Nascida em terras de lendas

Na arca que guarda as rendas

Vive uma moira encantada

E nos cantaréus que canta

Anda uma alegria santa

A ponto de cruz bordada.

 

 

VERSO À MINHA MÃE


Ò minha mãe, minha santa

Se pudesses cá voltar

Tenho tanta coisa, tanta

Minha mãe p’ra te contar

 

Por troca de ti, conheci

N ávida o amor d’alguém

Não me compensa de ti

Mas sou feliz minha mãe

 

Dos filhos tenho meiguices

P’ra compensar teus afectos

Ò minha mãe se tu visses

Que lindos são os teus netos

 

E se vires meu pai também

Num canto desse jardim

Diz-lhe que vai tudo bem

E dá-lhe um beijo por mim.

 

 

ESTE MEU AMOR SECRETO


Este meu amor secreto

Vive tão longe e tão perto

Faz minha vida em pedaços

Mas de tão lindo e profundo

Eu sinto que tenho o mundo

Quando estou nos seus braços

Um dia se não a vejo

A saudade e o desejo

Vão crescendo no meu peito

Eu vivo nesta ansiedade

E esta cumplicidade

Traz minha vida em pedaços

Seu beijo é a bebida

Que sacia a minha vida

Na sede do meu afecto

É tão doce e sublime

Que de tão puro redime

Este meu amor secreto.

 

 

PALAVRAS PARA TI


Há palavras por nascer

No meio do labirinto

Dos poemas que te fiz

Saudade? Eu sei dizer

Mas não define o que sinto

Quando me sinto infeliz

Em sonhos veio palavras

Carregadas de emoção

Que gostava de cantar

Vejo redondas, quadradas

E em forma de coração

Mas que não sei soletrar

Com palavras de outras castas

Ando a tentar inventar

Algumas p’ra te dizer

Muitas delas estão gastas

Já rompi o verbo amar

Por tanto, tanto te querer.

 


UM CESTO DE FRUTA


Só ela lê em minh’alma e tanto assim

Que sou dela e mesmo que não fosse

Sabe do que eu mais gosto e é p’ra mim

Um cesto de fruta fresca e doce

Seus lábios vermelhos são morangos

A boca sabe a chá de framboesa

Foi buscar seu andar a belos tangos

E as maçãs no rosto são beleza

Seus olhos são amoras dessas negras

Calmos e brilhantes como lagos

Que na hora d’amar não têm regras

Deleitam-se em ternuras e afagos

Corpo de canela e mãos sedentas

Sinto mel na boca se me beija

Nos seios tem cerejas suculentas

Que minha boca adora e mais deseja.

 

 

MUITOS MEDOS, OUTROS PASSOS


Há muito que meu anseio

Era ter-te nos meus braços

Mas sempre havia pelo meio

Muitos medos, outros passos.

Até que um dia vieste

Como quem vem p’ra se dar

E lembro que até trouxeste

Olhos tristes de chorar.

Amei-te como quem tem

Um desejo acumulado

Beijei-te como quem vem

Das galeras degredado.

Nos teus olhos vi o brilho

De quem é feliz agora

Mesmo saindo do trilho

Quem é feliz já não chora.

 

 

 

MEU AMOR  E O VENTO


Nada nem ninguém pode entender

O que me vai na alma no momento

Só eu a conheço e ando a viver

Este amor inconstante como o vento

Trouxe à minha vida a tempestade

E a chuva a meus olhos tanta vez

Mas sem ela na vida sou metade

E na minha loucura é lucidez

Quando vier o frio e me gelar

Os lábios da boca que a beijou

Em gavetas vão decerto encontrar

Poemas seus que o vento não levou

 

 

 

MEU AMOR MEU POEMA

 

Quero dormir em teus braços

És colo dos meus cansaços

Poema que eu concebi

Aproveitar este ensejo

E confessar-te num beijo

Que gosto, que gosto  muito de ti

Ninguém me conte a verdade

Dizendo que a felicidade

Não passa duma expressão

Antes viver na utopia

Num mundo de poesia

Que perder essa ilusão

Quero que sejas meu fado

Todo a rimas bordado

Com linhas feitas de luz

Que tenha alma e me diga

Muito mais que uma cantiga

Na tua voz que o traduz

Quando a tristeza vier

Chamo-te minha mulher

Para fazeres amor comigo

Num incesto mais que louco

Vou fazendo pouco a pouco

Este poema contigo

 

 

SE EU PUDESSE


Se eu pudesse, ah se eu pudesse!

Levava-te comigo pela mão

Quisesse o mundo ou não quisesse

Eu fazia a vontade ao coração

Partia porque o povo não entende

Deixava tudo e todos para trás 

Aqui nunca ninguém nos compreende

E assim, nunca mais teremos paz

Juntos em cada gesto, em cada beijo

O mundo inteiro era todo nosso

Saciava esta sede de desejo

Pudesse meu amor, mas eu não posso!

 

 

SE EU VIER


Se o vento me levar para teus braços

Deixa pousar meu rosto no teu peito

Porque a todas as horas os meus passos

Te levam este amor mais que presente

Se a noite à minha porta for bater

Abre meu amor que eu quero entrar

O frio da saudade faz doer

Viver longe de ti faz-me chorar

Se sentires no corpo a Lua amada

Despertar em desejos de ternura

Manda-me chamar pela madrugada

Convida-me a viver essa loucura

Se ao romper d’aurora o Sol vier

E encontrar unidas nossas bocas

Ele que se esconda se quiser

Ou faça do que ouvir orelhas moucas

 

 

MEU SONHO DESFEITO


Eu já te tinha encontrado

Muito antes do destino

Já vivias a meu lado

No meu sonho de menino

O teu modo de beijar

É tal qual o que pensei

O brilho do teu olhar

Foi assim que imaginei

O teu corpo meu amor

Desenhei-o a finos traços

Senti-lhe a alma o calor

Ao moldá-lo nos meus braços

Eras meu sonho perfeito

A mulher que eu sempre quis

Hoje és um sonho desfeito

E eu? não consigo ser feliz

 

 

 

VIVES NO MEU PENSAMENTO


Não me sais do pensamento

Tu andas sempre comigo

A cada hora e momento

Meu amor, falo contigo

Para te ver a fingir

Basta meus olhos fechar

E tu lá vens a sorrir

À minha mente a brincar

À noite sonho contigo

E adormeço num beijo

Mas durmo p’ra meu castigo

Num sono feito desejo

E quando me ponho a pé

Lá começa o meu tormento

Um beijo sabe a café

Não me sais do pensamento

 


 

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