sábado, 17 de outubro de 2020

FADOCANTO E OUTROS FADOS




PARTE 11 (101 A 110)



101

MEU PAI, MEU TIMONEIRO 

 

Dos amores de todos nós
Amor de pai é talvez
O que menos canta a voz
Do coração português
Se o fado é oração
Canto nele este recado
Ó meu pai como era bom
Inda te ter a meu lado
                  
Ó meu pai / Meu amigo verdadeiro
Meu amor meu timoneiro
Dos passos qu’eu ando a dar
Ó meu pai / Que saudades companheiro
Dessas noites de Janeiro
Com histórias p’ra contar
Ó meu pai / Sem ti a vida é mais dura
Há quem pense ser loucura
Eu inda chorar por ti
Mas não meu pai / Sabes meu pai
São as saudades de ti
 
Os teus conselhos meu pai
Guardei-os com devoção
Só a saudade não sai
Dentro do meu coração
Meu pai aí no além
Vela por meu amor
Eu cá na aterra também
Rezo por ti ao senhor 
 
 
 
Fado Alenquer de Nóbrega e Sousa 
 
 
 
Gravado em k7 por Francisco Lisboa em 1992


102

MEU PORTO, MEU FADO 

 

Anda vem daí comigo
Ver esta cidade
Anda ver o Porto antigo
Velhinho sem ter idade
Anda p’lo teu pé
Ao bairro da Sé
E à praça da Ribeira
Vem ver o pôr-do-sol qu’é lindo
À tardinha na Cantareira
 
Meu Porto guerreiro em granito
Escondes o grito
Feito à liberdade
Meu Porto tripeiro de gema
Que escondes o lema
Da minha cidade
Meu Porto meu berço dourado
Meu rio meu fado
Que tudo me diz
Meu Porto foi bem que fizeste
No dia em que deste
Nome ao meu país
 
Vem daí mete-me o braço
E traz teu balão
Acerta por mim o passo
Na rusga de S. João
Vê quanta alegria
Anda neste dia
No meio do bailarico
Vai à noitinha ás Fontainhas
E compra lá teu manjerico 
 
 
 
Música: (Lisboa não sejas francesa) de: A.  Bracinha
 
 
Gravado em K7 por Margarida Lima em 1992
Gravado em CD por Lurdes de Sousa em 2003
Gravado para Youtube por Cristina Gonçalves em 2016


103

MEU RIO, MEU DESTINO 

 
Nunca se foge ao destino
Ninguém o pode mudar
É rio desde menino
Que nos leva a ver o mar
 
Esse rio que não se vê
È o destino da gente
Vive à deriva à mercê
Do mau tempo, da corrente
 
A felicidade anda perto
Na margem desde criança
Mas poucos sonhos dão certo
Ao perdemos a esperança
 
Esse rio em desatino
Que nasce em nós por encanto
É sentir que o meu destino
É este fado que canto
 
 
 
Fado Solene de: Alberto Correia 
 
 
 
Criação de Irene Dias em 2001


104

MEU SONHO JÁ DESFEITO 

Eu já te tinha encontrado
Muito antes do destino
Já vivias no meu fado
No meu sonho de menino
 
O teu modo de beijar
É tal qual o que pensei
O brilho do teu olhar
Foi assim que imaginei
 
O teu corpo meu amor
Desenhei-o a finos traços
Senti-lhe a alma o calor
Ao moldar-se nos meus braços
 
Eras meu sonho perfeito
A mulher que eu sempre quis
Hoje és um sonho desfeito
Mas mesmo assim sou feliz 
 
 
 
Fado Solene de: Alberto Correia 
 
 
 
Gravado em K7 por Augusto Lopes em 1992  
Regravado em CD em 2002


105

MEUS FILHOS, MINHA ALEGRIA 

 

Por vezes são minha cruz
Mas são a mais linda luz
Dos meus olhos o encanto
Meus filhos minha alegria
São a doce melodia
Deste fado que vos canto
 
Frutos dum lindo amor
Que dão à vida o calor
Na santa paz do meu lar
E quando volto à tardinha
Cansado da lida minha
Não dispenso o seu brincar
 
Alegria neles vive
Dou-lhes tudo que não tive
Faço tudo por meus filhos
Canto feliz este fado
Mesmo apesar do ditado
Tenho filhos não cadilhos
 
O seu rir é franco e puro
E por meus olhos eu juro
Ter o amor mais profundo
Não é só por serem meus
Mas os meus filhos meu Deus
São os mais lindos do mundo
 
 
 
Fado Georgino de: Georgino de Sousa 
 
 
 
Criação de Eduardo Alípio em 1994


106

MINHA GRAÇA É CAMPANHÃ

Rusga de Campanhã/2001 

 
Nasce Junho e a canseira
D’enfeitar cada viela
Do Pego Negro à C’rujeira
Quando chega ao S.João
Campanhã perde a cabeça
De Contumil ao Falcão
Essa menina travessa
É fogueira de emoção
 
Qual é a rusga que vem com tanta alegria
Deste Porto Freguesia
É Campanhã
Qual é a rusga que aqui vem cheia de graça
Que sorri para quem passa
É Campanhã
Qual é a rusga que aqui traz a tradição
Pendurada num balão
É Campanhã
Assim vai contente
A rusga da gente
Na noite de S. João
 
Lá de Bonjóia a S. Roque
Trauteiam as raparigas
Quadrinhas que são remoque
Ao S.João das cantigas
Refrescando o manjerico
Cai o orvalho do céu
Há foguetes e fanico
E D’Azevedo ao Ilhéu
Campanhã é um bailarico 
 
 
 
Gravada em CD por Marco Alves, Autor da música 
 
 
 
1º Classificado nas Rusgas de S. João do Porto        


107

MINHA MÃE E MEU FADO 

Amor de mãe é sagrado
Eu canto aqui a preceito
Mas minha mãe e meu fado
Cabem os dois no meu peito
 
Eu arranjei um cantinho
Bem dentro do coração
P’ra minha mãe o carinho
Para o fado minha afeição
 
Canto assim de pequenina
Pró fado nasci talhada
Se o fado não se ensina
Então nasci ensinada
 
Se foi Deus ò minha mãe
Que meu destino traçou
Então foi ele também
Qu’este fado m’ensinou 
 
 
 
Fado Menor do Porto de: José Joaquim Cavalheiro Júnior 
 
 
 
 
Criação de Andreia Ribeiro em 1999
Gravado em CD por Cátia Sofia (Oliveira) em 2005
Gravado para Youtube por Jorge Miguel em 2015


108

MINHA MÃE POR CARIDADE 

 

Minha mãe por caridade
Diz-me se a felicidade
Existe ou é ilusão
Eu tenho andado à procura
Mas só encontro amargura
Dentro do meu coração
 
Disseste que a encontraste
Mesmo à hora em que beijaste
Meu pai que tanto adoravas
E no dia em que eu nasci
Disseste que esteve aqui
Quando a mim me embalavas
 
Mas meu pai Deus o levou
E eu a ti mãe só te dou
Dor com a minha loucura
Uma vida de tormentos
Com tão pouquinhos momentos
D’alegria e de doçura
 
Minha mãe já entendi
Mesmo agora descobri
Dentro do peito a verdade
O mistério é bem de ver
Dar amor e receber
É isto a felicidade 
 
 
 
Fado Carlos da Maia de. Carlos a Maia 
 
 
 
Gravado em K7 por Mário Rui em 1999
Gravado para Youtube por Jorge Miguel em 2012


109

MINHA MULHER

 

Senta-te aqui companheira
E descansa essa canseira
Que há tanto tempo tens tido
Vem cá, sou eu que te chamo
Quero dizer que te amo
Faz tempo que não te digo
 
Encosta aqui o teu rosto
Onde o tempo e o desgosto
Algumas rugas puseram
Mas tu conservas ainda
Essa cor morena linda
Que o Sol e a vida te deram
 
Senta-te aqui minha amiga
E descansa essa fadiga
Os filhos estão criados!
Traz nas mãos essa ternura
E nos lábios a candura
De teus beijos recatados
 
Das horas que a vida traz
Fossem boas fossem más
Estavas junto de mim
Quero dizer-te obrigado
D’estar na vida a teu lado
E de ser feliz assim 
 
 
 
Fado Três Bairros de: Casimiro Ramos 
 
 
 
Criação de Vítor Rodrigues em 1997


110

MINHAS RIQUEZAS 

 

Não nasci em berço d’ouro
Minha mãe foi meu tesouro
A minha grande riqueza
Mas hoje bem pobre sou
Porque Deus já ma levou
Vive em meu peito a tristeza
 
Já fui rica quando tive
Um amor que já não vive
Mas qu’era a minha loucura
Nos seus braços fui rainha
Pois nesse tempo eu tinha
Uma riqueza em ternura
 
Fui rica em felicidade
Agora resta a saudade
Sou rio chegando à foz
Enquanto Deus me deixar
Eu serei rica a cantar
O fado p’ra todos vós 
 
 
 
Fado João Mª. Dos Anjos de: João Mª. Anjos 
 
 
Criação de Margarida Lima em 1995

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