PARTE 11 (101 A 110)
101
MEU PAI, MEU TIMONEIRO
Dos amores de todos nós
Amor de pai é talvez
O que menos canta a voz
Do coração português
Se o fado é oração
Canto nele este recado
Ó meu pai como era bom
Inda te ter a meu lado
Ó meu pai / Meu amigo verdadeiro
Meu amor meu timoneiro
Dos passos qu’eu ando a dar
Ó meu pai / Que saudades companheiro
Dessas noites de Janeiro
Com histórias p’ra contar
Ó meu pai / Sem ti a vida é mais dura
Há quem pense ser loucura
Eu inda chorar por ti
Mas não meu pai / Sabes meu pai
São as saudades de ti
Os teus conselhos meu pai
Guardei-os com devoção
Só a saudade não sai
Dentro do meu coração
Meu pai aí no além
Vela por meu amor
Eu cá na aterra também
Rezo por ti ao senhor
Fado Alenquer de Nóbrega e Sousa
Gravado
em k7 por Francisco Lisboa em 1992
102
MEU PORTO, MEU FADO
Anda vem daí comigo
Ver esta cidade
Anda ver o Porto antigo
Velhinho sem ter idade
Anda p’lo teu pé
Ao bairro da Sé
E à praça da Ribeira
Vem ver o pôr-do-sol qu’é lindo
À tardinha na Cantareira
Meu Porto guerreiro em granito
Escondes o grito
Feito à liberdade
Meu Porto tripeiro de gema
Que escondes o lema
Da minha cidade
Meu Porto meu berço dourado
Meu rio meu fado
Que tudo me diz
Meu Porto foi bem que fizeste
No dia em que deste
Nome ao meu país
Vem daí mete-me o braço
E traz teu balão
Acerta por mim o passo
Na rusga de S. João
Vê quanta alegria
Anda neste dia
No meio do bailarico
Vai à noitinha ás Fontainhas
E compra lá teu manjerico
Música: (Lisboa não
sejas francesa) de: A. Bracinha
Gravado
em K7 por Margarida Lima em 1992
Gravado
em CD por Lurdes de Sousa em 2003
Gravado
para Youtube por Cristina Gonçalves em 2016
103
MEU RIO, MEU DESTINO
Nunca se foge
ao destino
Ninguém o
pode mudar
É rio desde
menino
Que nos leva
a ver o mar
Esse rio que
não se vê
È o destino
da gente
Vive à deriva
à mercê
Do mau tempo,
da corrente
A felicidade
anda perto
Na margem
desde criança
Mas poucos
sonhos dão certo
Ao perdemos a
esperança
Esse rio em
desatino
Que nasce em
nós por encanto
É sentir que
o meu destino
É este fado
que canto
Fado Solene de: Alberto
Correia
Criação de Irene Dias em 2001
104
MEU SONHO JÁ DESFEITO
Eu já te
tinha encontrado
Muito antes
do destino
Já vivias no
meu fado
No meu sonho
de menino
O teu modo de
beijar
É tal qual o
que pensei
O brilho do
teu olhar
Foi assim que
imaginei
O teu corpo
meu amor
Desenhei-o a
finos traços
Senti-lhe a
alma o calor
Ao moldar-se
nos meus braços
Eras meu
sonho perfeito
A mulher que
eu sempre quis
Hoje és um
sonho desfeito
Mas mesmo
assim sou feliz
Fado Solene de: Alberto Correia
Gravado
em K7 por Augusto Lopes em 1992
Regravado
em CD em 2002
105
MEUS FILHOS, MINHA ALEGRIA
Por vezes são
minha cruz
Mas são a
mais linda luz
Dos meus
olhos o encanto
Meus filhos minha
alegria
São a doce
melodia
Deste fado
que vos canto
Frutos dum
lindo amor
Que dão à
vida o calor
Na santa paz
do meu lar
E quando
volto à tardinha
Cansado da
lida minha
Não dispenso
o seu brincar
Alegria neles
vive
Dou-lhes tudo
que não tive
Faço tudo por
meus filhos
Canto feliz
este fado
Mesmo apesar
do ditado
Tenho filhos
não cadilhos
O seu rir é
franco e puro
E por meus
olhos eu juro
Ter o amor
mais profundo
Não é só por
serem meus
Mas os meus
filhos meu Deus
São os mais
lindos do mundo
Fado Georgino de:
Georgino de Sousa
Criação de Eduardo Alípio em 1994
106
MINHA GRAÇA É CAMPANHÃ
Rusga de Campanhã/2001
Nasce Junho e a canseira
D’enfeitar cada viela
Do Pego Negro à C’rujeira
Quando chega ao S.João
Campanhã perde a cabeça
De Contumil ao Falcão
Essa menina travessa
É fogueira de emoção
Qual é a rusga que vem com tanta alegria
Deste Porto Freguesia
É Campanhã
Qual é a rusga que aqui vem cheia de graça
Que sorri para quem passa
É Campanhã
Qual é a rusga que aqui traz a tradição
Pendurada num balão
É Campanhã
Assim vai contente
A rusga da gente
Na noite de S. João
Lá de Bonjóia a S. Roque
Trauteiam as raparigas
Quadrinhas que são remoque
Ao S.João das cantigas
Refrescando o manjerico
Cai o orvalho do céu
Há foguetes e fanico
E D’Azevedo ao Ilhéu
Campanhã é um bailarico
Gravada em CD por Marco
Alves, Autor da música
1º Classificado nas Rusgas de S. João
do Porto
107
MINHA MÃE E MEU FADO
Amor de mãe é
sagrado
Eu canto aqui
a preceito
Mas minha mãe
e meu fado
Cabem os dois
no meu peito
Eu arranjei
um cantinho
Bem dentro do
coração
P’ra minha
mãe o carinho
Para o fado
minha afeição
Canto assim
de pequenina
Pró fado
nasci talhada
Se o fado não
se ensina
Então nasci
ensinada
Se foi Deus ò
minha mãe
Que meu
destino traçou
Então foi ele
também
Qu’este fado
m’ensinou
Fado Menor do Porto de: José Joaquim Cavalheiro Júnior
Criação
de Andreia Ribeiro em 1999
Gravado
em CD por Cátia Sofia (Oliveira) em 2005
Gravado
para Youtube por Jorge Miguel em 2015
108
MINHA MÃE POR CARIDADE
Minha mãe por
caridade
Diz-me se a
felicidade
Existe ou é
ilusão
Eu tenho
andado à procura
Mas só
encontro amargura
Dentro do meu
coração
Disseste que
a encontraste
Mesmo à hora
em que beijaste
Meu pai que
tanto adoravas
E no dia em
que eu nasci
Disseste que
esteve aqui
Quando a mim
me embalavas
Mas meu pai
Deus o levou
E eu a ti mãe
só te dou
Dor com a
minha loucura
Uma vida de
tormentos
Com tão
pouquinhos momentos
D’alegria e
de doçura
Minha mãe já
entendi
Mesmo agora
descobri
Dentro do
peito a verdade
O mistério é
bem de ver
Dar amor e
receber
É isto a
felicidade
Fado Carlos da Maia de.
Carlos a Maia
Gravado
em K7 por Mário Rui em 1999
Gravado
para Youtube por Jorge Miguel em 2012
109
MINHA MULHER
Senta-te aqui
companheira
E descansa
essa canseira
Que há tanto
tempo tens tido
Vem cá, sou
eu que te chamo
Quero dizer
que te amo
Faz tempo que
não te digo
Encosta aqui
o teu rosto
Onde o tempo
e o desgosto
Algumas rugas
puseram
Mas tu
conservas ainda
Essa cor
morena linda
Que o Sol e a
vida te deram
Senta-te aqui
minha amiga
E descansa
essa fadiga
Os filhos
estão criados!
Traz nas mãos
essa ternura
E nos lábios
a candura
De teus
beijos recatados
Das horas que
a vida traz
Fossem boas
fossem más
Estavas junto
de mim
Quero
dizer-te obrigado
D’estar na
vida a teu lado
E de ser
feliz assim
Fado Três Bairros de:
Casimiro Ramos
Criação de Vítor Rodrigues em 1997
110
MINHAS RIQUEZAS
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