sábado, 17 de outubro de 2020

FADOCANTO E OUTROS FADOS


 


PARTE 12 (111 A 120)


111

MODO DE AMAR  

Se tanto nos desejamos
Para quê contrariarmos
Nossa vontade de amar
É preconceito que existe
E o medo que lhe assiste
Que os outros possam pensar
 
No mundo em que vivemos
Meu amor nós não podemos
Viver a nossa aventura
Um dia vai acabar
Esta maneira de amar
Nossa vida é uma loucura
 
Tudo aquilo que pensamos
Um do outro o que gostamos
É só nosso esse segredo
É um amor feito miragem
Por não termos a coragem
De enfrentá-lo sem ter medo 
 
 
 
Fado Franklim de: Franklim Godinho 
 
 
 
Gravado em K7 por José Ferreira em 1989
 


112

MORRER DE SAUDADES  

Meu amor se é verdade
Que se morre de saudade
Então está perto o meu fim
Pressinto a vida a fugir
Que ás vezes chego a sentir
Mesmo saudades de mim
 
A tua presença invento
E à noite há um momento
Que estas comigo deitado
Pois ando assim como louca
Com o teu nome na boca
A chamar por todo o lado
 
De manhã ao despertar
Deixo meus olhos estar
Fechados para te ver
Ponho a mesa para os dois
E no silêncio depois
Fico a ver-te comer
 
Meu coração não resiste
A solidão que persiste
Em viver nesta ansiedade
Se não voltas meu amor
Vai acabar esta dor
Porque morro de saudades 
 
 
 
Fado Proença de: Júlio Proença 
 
 
 
Gravado em K7 por Rosa Cruz em 1989


113

MUDASTE A MINHA VIDA  

Andei mil madrugadas tão sozinho
Levou-me o vento em busca da verdade
Ate que Deus te pôs no meu caminho
Para qu’eu conhecesse a felicidade
A partir desse dia dessa hora
Mudaste minha vida e o meu fado
Do meu peito a tristeza foi-se embora
E hoje eu sou feliz mas a teu lado
     
É o meu fado a minha luz
És o farol que nesta vida me conduz
És o meu mundo o meu pecado
És a razão de eu cantar este meu fado
 
Deste-me o teu corpo e a tua alma
Toda te entregaste por amor
Tu és o lenitivo que me acalma
Nas horas em que a vida tem mais dor
Quero de ti ternura e o calor
P’ra não passar as noites mais sozinho
Bendito seja a hora meu amor
Em que Deus te pôs no meu caminho
 
 
 
 
Fado “Mundo de Inverno” de: Paco Gonzalez
 
 
 
 
Criação de António Tavares em 1994


114

MUITOS MEDOS, OUTROS PASSOS 

À muito que meu anseio
Era ter-te nos meus braços
Mas sempre havia p’lo meio
Muitos medos, outros passos
 
Até que um dia vieste
Como quem vem p’ra se dar
E lembro até que trouxeste
Olhos tristes de chorar
 
Beijei-te como quem tem
Um desejo acumulado
Amei-te como quem vem
Das galeras degradado
 
Nos teus olhos vi o brilho
De quem é feliz agora
Mesmo saindo do trilho
Quem é feliz já não chora
 
Anseios realizados
Somos felizes suponho
Mas por mal dos meus pecados
Tudo não passou dum sonho
 
 
 
Fado Louco de: Alfredo Marceneiro 
 
 
 
Criação de Franclim Simões em 1998


115

MULHERES DA MINHA GERAÇÃO 

Tiveram sonhos de pouca monta
Ao brincarem aos reis e às rainhas
Foram nossas mulheres ao faz-de-conta
Quando brincamos juntos às casinhas
 
Andamos descalços sem ter medo
Pisamos na desdita o mesmo chão
Mas ficaram adultas muito cedo
Ao viverem a mesma condição
 
Tiveram a virtude de esperar
Amando-nos de muitas maneiras
Quando estivemos para lá do mar
Ficaram mães viúvas, mães solteiras
 
Estiveram na vida ao nosso lado
Mães dos nossos filhos hoje são
Presto assim homenagem neste fado
Às mulheres da minha geração
 
 
 
 
Fado Licas de: Armando Machado 
 
 
 
Criação de Manuel Gonçalves em 1988
Declamado por José Neves na Rádio Festival



116

NA PALMA DA MINHA MÃO 

Na palma da minha mão
Trago o destino marcado
E queira o mundo quer não
Hei-de vivê-lo a teu lado
 
Viver sem ti não consigo
Que o diga meu coração
E as linhas qu’andam comigo
Na palma da minha mão
 
Nos teus olhos me perdi
Tu és na vida o meu fado
Desde a hora em que te vi
Trago o destino traçado
 
E se o destino assim quer
Contrariá-lo é que não
Hás-de ser minha mulher
Está escrito em minha mão
 
Meu amor por ti é tanto
Ando assim enfeitiçado
Que por destino ou encanto
Hei-de vivê-lo a teu lado
 
Eu quero viver contigo
És a minha perdição
Trago o teu nome comigo
Na palma da minha mão                            
 
 
 
Fado Louco de: Alfredo Marceneiro
 
 
 
Criação de Manuel Ferreira em 1999



117

NÃO CHEGA SÓ A PAIXÃO 

 
Não canta o fado quem quer
Diz o povo e com razão
Ao fado como à mulher
Não chega só a paixão
 
O fado é assim é bonito
Com garganta e bem dizer
Por isso digo e repito
Não canta o fado quem quer
 
Quem nunca tiver amado
Com muita, muita emoção
Não deve cantar o fado
Diz o povo e com razão
 
Com rimas bem escolhidas
Diz-se tudo o que se quer
Até palavras sentidas
Ao fado como à mulher
 
É preciso pôr a par
A garganta e o coração
Para o fado se cantar
Não chega só a paixão 
 
 
Fado Isabel de: José Fontes Rocha 
 
 
 
Gravado em CD por Joaquim Brandão em 2003 



118

NÃO HÁ FESTA COMO ESTA - RUSGA DA SÉ/2012 

 

Não há cá pobre nem rico
Só há povo nesta festa
Perde a noite no fanico
Que até no mundo acredito
Não há festa como esta
 
Apesar de tantas “crises”
A Sé não pode faltar
Traz aqui suas raízes
E S. João num altar
É que sem nossa alegria
Sem nossa vivacidade
Perdia a festa a magia
Era mais triste a cidade
 
Toda a noite repenico
Para alegrar a noitada
Com cidreira e manjerico
Fogueiras e bailarico
Pimentos, sardinha assada. 
 
 
 
Gravada em CD por Teófilo Granja, Autor da música 
 
 
 
2º Classificado nas Rusgas de S. João do Porto 
            


 

119

NÃO LHE DIGA QUE ME VIU 

 

Você e amiga                        
Mas não lhe diga que me viu                            
P’ra quê criar                          
Um mal-estar a quem fugiu                           
Desta rotina                           
Que nos domina e a vida tem                          
E afinal                                    
Qual foi o mal, diga também                         
 
Mas já que insiste
E não resiste à ansiedade
Vá lá e diga
À sua amiga só a verdade
Que me viu cantar
E estilar fado a valer
Nunca lhe disse 
Pois se me visse ia sofrer
 
Sei que não gosta
Só me desgosta dizer do fado
Qu’é horroroso
Qu’e piroso mal-educado
O fado canto
Porque amo tanto essa mulher
Talvez ajude
Talvez mude se lhe disse
 
 
 
Música de: Marcus Levy 
 
 
 
Gravado em CD por Eduardo Alípio em 1997


120

NAS ASAS DA NOITE 

 

Com meu rosto pousado em teu peito
Depois desse momento tão feliz
Adoro ver em teus olhos esse jeito
Tão lindo que tu pões quando sorris
 
Quando a noite chega para o amor
E acende em nós loucos desejos
Unimos nossas almas com calor
Nos corpos que se moldam entre beijos
 
E é sempre com esta intensidade
Em cada noite amor mais nos amamos
Vivendo esta interna felicidade
Que Deus abençoa e nós sonhamos
 
Adormeço em teus braços de ternura
Sentindo ao longe o teu aconchegar
Cansada de prazer e de loucura
Solto as asas da noite e vou sonhar
 

 

Fado Zeca de: Amadeu Ramim 

 

Criação de Elisabete Pinto em 2007

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