PARTE 1 (1 A 10)
1
FADOCANTO
Trago fado no peito como alento
Junto às minhas coisas mais secretas
Dou-lhe a minha voz cantando ao avento
Palavras mais sentidas dos poetas
Foi fado o meu nascer ó minha mãe
Foi fado amores que tive e vi morrer
É fado o meu viver sem ter ninguém
Será fado o meu fim quando vier
Meu modo de cantar este meu jeito
Nasceu comigo numa tarde calma
Por isso trago fado no meu peito
E canto quando a dor m’invade a alma
É fado a minha voz que por encanto
Te leva esta mensagem plangente
É fado este sentir que te amo tanto
E dize-lo cantando a toda a gente
Música própria de: Nel Garcia
Gravado
em LP e K7 por Eduardo Alípio em 1991
Gravado
em CD por Rosita em 2003
Gravado
em CD por Fernando João em 2004
Gravado
em CD por Filomeno Silva e Filomena Sousa em 2004
Gravado
em CD por Maria Maia (Laura Vilela e Cátia Sofia) em 2004
Gravado
em CD por Rosita e Nelson Duarte em 2006
Gravado
em CD por Helena Matos em 2008
Regravado em CD por Filomeno Silva e Filomena Sousa em
2015
Cantado ainda por: Ana Santos,
Conceição Brito, Conceição Gonçalves,
Cristina Gonçalves, Humberto Capelo,
Jorge César, Laura Vilela,
Lúcia Ferreira, Mafalda Rocha, Mª. Adélia Moreira,
Mariana Oliveira,
Miguel Bandeirinha, Ricardo Barbosa, Rosa Ramos e Rute
Gonçalves.
2
Á DISTÂNCIA DE UM
BEIJO
Já foste à
distância uma miragem
Que meu olhar
cegava d’ansiedade
Quando enchi
meu peito de coragem
Toquei-te
levemente eras verdade
Depois
aproximei-me mais de ti
Admirei teus
olhos cor do mar
Se falaste
confesso não ouvi
Palavras valem
menos que um olhar
Agora a
distância era já pouca
Ia crescendo
em mim louco desejo
Estava ali
tão perto a tua boca
Entre nós a
distância era dum beijo
Sem poder
resistir naquela hora
No amor no
querer fomos iguais
A partir
desse dia p’la vida fora
A distância
entre nós não houve mais
Fado Balada do Nel de: Nel Garcia
Criação de Lima Querido em1992
Cantado por Aida Arménia em 2001
3
Á MEDIDA CERTA
Na palma da
minha mão
Cabe o teu
seio certinho
É tão grande
a precisão
Que penso que
a minha mão
Nasceu nele
coladinho
Na medida do
meu braço
Cabe teu
corpo ao redor
E no calor
desse abraço
Nasce em nós
a cada passo
A ternura
deste amor
A tua boca
contém
Um imã que a
minha atrai
E em cada
beijo ela tem
Um gosto que
sabe bem
E dos lábios
não me sai
Quando se
encaixa no teu
Meu corpo
ganha tal jeito
Que deixa de
ser o meu
Fica moldado
no teu
Num amor mais
que perfeito
Fado Marcha Maria Vitória de: Raul Ferrão
Criação de Filomeno Silva em 1998
4
A MINHA RAIVA
Se hoje eu fosse
Deus eu proibia
O Sol de vir
dar a luz ao mundo
A Lua, essa
nunca mais nascia
E o dia ia
ser de breu profundo
As árvores
morreriam pela raiz
As fontes
haveriam de secar
E apesar de
ser feio como se diz
Os homens
tinham todos que chorar
Toda a raiva
que trago em meu peito
Nasceu quando
a vi com outro ao lado
Se hoje eu
fosse Deus eu dava um jeito
De esquecê-la
nos versos deste fado
Fado Varela de: Renato
Varela
Criação de Manuel Barbosa em 1998
5
A MINHA SÉ - Rusga da Sé/2008
Junho chega
de repente / Lá venho com minha gente
Cantar na
Rusga do povo / Trago ramalho e balão
Ponho ao
peito a tradição / Deste Porto sempre novo
Trago um
cheirinho a viela / Com bambolins na janela
E vasos de
manjerico / Com alho-porro e cidreira
Vou reinar a
noite inteira / Com ela no bailarico
A minha Sé /
Qu’é vaidosa quando quer
É menina, é
mulher
É a mãe desta
cidade
A minha Sé /
Qu’é um poema dum fado
A ponto de
cruz bordado
Pela alma da
saudade
A minha Sé /
Qu’é o bairro mais castiço
Tem o Douro
por feitiço
A beijar-lhe
os pés no cais
A minha Sé /
Qu’é cascata orgulhosa
Nasceu em
Pena Ventosa
Mas vive lá
nos Guindais
Não há noite
como esta / Onde alegria é a festa
Deste povo
portuense / Este bairro com vaidade
Traz alegria
à cidade / Pela mão do “Guindalense”
Trago lá das
Fontaínhas / Este cheirinho a sardinhas
Com a Sé no
coração / Trago um cravo na lapela
E vou p’ra
rusga com ela / Para cantar ao S. João
Música e gravação em CD de:
Marco Alves
1º Classificada nas Rusgas de S. João
do Porto
6
A NOSSA CANTIGA
Cantas tu ou
canto eu
Diz lá, como
é ficamos
Se cantamos
tu e eu
Sei que nós desafinamos
Desafinamos
ás vezes
Cantar tem
que se lhe diga
Tantas vezes
me persegues
Não vou na
tua cantiga
Mas olha que
quando canto
É boa a minha
intenção
Levado por
teu encanto
Sai mais
bonita a canção
A intenção
pode ser boa
Mas a mim não
me convence
A tua cantiga
soa
A “malandro”
portuense
Sou portuense
de gema
E ponho em
minhas cantigas
A malandrice
no tema
O olhar nas
raparigas
Há raparigas
aos montes
Eu só serei
tua amiga
E comigo tu
não contes
P’ra cantar
tua cantiga
Musica de Marante
Gravado
em CD por Manuel Morais e Lurdes de Sousa em 2008
7
A PROCURAR ME PERDI
Eu juro que procurei
E a procurar me perdi
Na hora que t’encontrei
Fiquei perdido por ti
Para não mais me perder
Segui na vida teus passos
Acabei por me prender
Na cadeia dos teus braços
E quando a sede chegava
Em tua boca eu bebia
Quantos mais beijos te dava
Mais a ti, eu me prendia
E se um dia mesmo assim
Eu me perder p’ra castigo
Vai à procura de mim
E fica de vez comigo
Com música de Nel Garcia
Gravado
em LP e K7 por Eduardo Alípio em 1991
Gravado
em CD por Manuel Barbosa em 2004
Gravado
em CD por Fernanda Moreira em 2015
8
A RAIVA DE SER ASSIM
Pela taça da
vida já bebi
Horas
d’angustia, d’amargura
Tanto de saudade
já sofri
E quase
d’amor fui a loucura
A raiva qu’em
meu peito mais me dói
E tentar ser
feliz e não o ser
Ter sempre
esta tristeza que me mói
A alma tão
dorida de sofrer
Tentar
compreender seu semelhante
Semear a
virtude e tanto assim
Que ouvindo os
outros num instante
Fico a sofrer
por eles e por mim
O fado
cantando, vou mantendo
Esta chama
d’amor acesa em mim
Gritando que
a maldade não me vendo
Sou aquilo
que sou, nasci assim
Fado Súplica de: Armando Machado
Gravado em k7 por Augusto Lopes em
1992
Regravado em CD por Augusto Lopes em
1995
9
ALMA ROSA
A alma que a
Alma tinha
Na sua voz
donairosa
Era a raça
que lhe vinha
De ser mais
Alma que Rosa
Cantou o fado
dos fados
O ”Menor”
como ninguém
Cantou de
olhos fechados
No ventre de
sua mãe
Depois a vida
enganou-a
Ao dar-lhe
destino errado
Deu-lhe a
glória e a coroa
E destino
desgraçado
E como o luar
de d’Agosto
Qu’encerra
tanta beleza
Se o fado
tivesse um rosto
Era o dela
com certeza
Fado Menor do Porto de:
José Joaquim Cavalheiro Júnior
Criação de Manuel
Barbosa em 1997
10
AMÉLINHA DO BOLHÃO
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