segunda-feira, 19 de outubro de 2020

FADOCANTO E OUTROS FADOS







PREFÁCIO
 
Conheço o Manuel Carvalho há quase 50 anos, passamos juntos pela vida militar em Angola e pudemos conhecer de perto a angústia da saudade, numa época em que não havia telemóveis e só os famigerados “aerogramas” nos traziam notícias de casa. Talvez acossado por ela (a saudade) vi o Carvalho escrever cadernos inteiros de poemas que enviava para a esposa, depois de bem decorados com desenhos inspirados. Li muitos deles, e até (confesso) sentia um pouquinho de ciúmes por não ser capaz de me expressar por palavras com a facilidade como ele o fazia.
       Acompanhei mais tarde a sua incursão pelo fado, ouvindo algumas gravações que me enviava e claro, como sou um aficionado dessa canção nacional, deleitei-me com temas seus como: “Anos de casados”; “Não rezo há tanto tempo”; “Este meu amor secreto”; “Versos à minha mãe” ou o belo “Fadocanto” na soberba melodia de Nel Garcia.
       Tive ocasião de ler este livro ainda em embrião com os seus fados e fiquei orgulhoso de o Manuel Carvalho ser meu amigo e me ter convidado para escrever sobre ele este prefácio, que alinhavei da melhor forma. Gostei muito deste primeiro livro do Manuel Carvalho, embora já tivesse lido alguns poemas seus no “Novíssimos” (Coletânea de poesia onde esteve incluído) mas sou suspeito de o dizer, tendo como único álibi a sua amizade.
       Que este livro seja o eco de muitos outros que esperam publicação, como o “Maianga”, texto que já me deu a ler e que descreve o muito que a guerra do ultramar nos tatuou na pele.
       Faço votos que leiam este «Fadocanto  e Outros fados» e se deliciem com os poemas (letras de fado como ele diz) como o “Meu amor, meu poema” onde ele faz amor com um poema e diz assim na última sextilha:
 
Quando a tristeza vier / Chamo-te minha mulher
P’ra fazeres amor comigo.
Num incesto mais que louco/ Vou fazendo pouco a pouco
Este poema contigo.
 
 
 
                                                                           Marcelo Castro
                                                                            Odemira/2015
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Poeta ou Letrista?
 
Poeta talvez não!
Que diriam o Camões, Pessoa ou Régio?
 
Talvez Letrista como:
Carlos Tê, José Guimarães, José Campos de Castro,
Torre da Guia ou José Fernandes de Castro
 
Nas finanças
Com o código CAE 92312
Dizem: Autor de letras musicais
 
Na Sociedade Portuguesa de Autores
(Sócio 9497 - entre 1989 a 2013)
Dizem: Autor de obras (letras)
 
Enfim, escrevo letras para serem cantadas
tentando por alguma poesia nas palavras
 
Seja como for
Sou o Manuel Carvalho e gosto de escrever
 

  

Sem comentários:

Enviar um comentário

ENQUANTO ME LEMBRO...