terça-feira, 6 de outubro de 2020

PALAVRAS SENTIDAS "POEMAS" 7

 7ª FASE

 

 

O MEU NATAL

Nessa noite fria de Dezembro

Eu lembro, sempre lembro

Do Natal da minha infância

Desse lar tenho lembrança

Do calor que nele havia

Tão pequeno onde cabia

A alegria em ser criança

 

Do pinheiro que o meu pai enfeitava

Do presépio onde adorava

Deus menino em seu ó-ó

Do creme da aletria

E do sabor a canela

Que eu lambia da panela

Nos dedos da minha avó

 

Meu peito de menino a estalar

Na ânsia de ver chegar

Meu prometido brinquedo

Que me trouxe em segredo

Uma pomba de madeira

P’ra guardar à cabeceira

Do Natal nunca esquecido

 

Nessa noite anda a alegria à solta

E um anjo traz de volta

A paz, a luz e a verdade

Essa luz que ilumina toda a terra

Mostra aos homens que a guerra

Nunca traz a felicidade.

 

 

MINHA PRINCESA

Nunca mais nossa casa foi igual

Desde que partiu minha princesa

Inda hoje na ceia de natal

Sinto sua falta em nossa mesa

Fechei aquela porta no meu peito

Mas sei que p’ra sempre vai lá ficar

E nunca esquecerei aquele jeito

Tão meigo qu’ela tinha em seu olhar

Grato vou ficar eternamente

Por ter essa princesa prometida

Que passou por mim tão de repente

E foi prenda de Deus na minha vida

 


HELENA

Helena

De pele morena

Era boa pequena

Era linda a valer

Helena

Era calma e serena

Seu grande dilema

Era sorte não ter

Helena

Acabou por partir

Bem cedo a sorrir

Quando Deus a levou

Helena

Era boa pequena

Seu grande dilema

Foi sorte não ter

Helena

Minha querida filha

Teu sorriso, sempre brilha

No meu coração

 

  

MODESTA

A Modesta nasceu

Uma estrela morreu

E deu-me o brilho seu

É a Menina sardenta

Que a vida enfrenta

De pelo na benta

É gira, é bonita

Solidária, altruísta

E a todos conquista

É modesta no nome também

Amo-a tanto e tem

O nome de minha mãe

 

 

TONY

Quase sem rumo, sem norte

Tem pouca sorte

Mas não merecia

Pois a vida devia

Compensar seu trabalho

E tirá-lo do atalho

Onde a sorte o meteu

Quase sem rumo, sem norte

Mas a pouca sorte

Há-de mudar

E o prémio terá

Pelo amor que dá

E muito semeia

Pelos sonhos de areia

Que a vida lhe deu

Com rumo, com norte

Há-de encontrar a sorte

E a felicidade um dia

E os olhos que tem

Iguais aos da mãe

Vão brilhar de alegria.

 

PRINCESA DIANA

Como num conto de fadas

Com princesas de encantar

Lindas de faces rosadas

Em reinos de imaginar

Nos castelos altaneiros

Com aias, aios e pajens

Trovadores, bobos, archeiros

E gente doutras linhagens.

Mas…

Tu foste mulher de raiz

Foste princesa do povo

Sem reino, embaixatriz

Dum mundo sempre novo.

Levaste alegria à dor

A tanta gente infeliz

E tu, sofrida d’amor

Quase que eras feliz…

Não minha princesa

Só deixas-te a vida

E serás sempre, minha alteza

A nossa “Bela adormecida”

 

MINHAS E TUAS MÃOS

As tuas mãos ternurentas

São laranjas sumarentas

Nos gomos dos teus dedos

São meiguices, são delícias

São doces as tuas carícias

Que adormecem os meus medos

A tua mão é tão quente

Na minha pele que a sente

E se delicia  em prazer

E no calor que transmite

Há mais desejo, apetite

Para ate amar e viver

Escrevo com emoção

Porque a caneta é a mão

Digo a verdade não minto

Pois quem guia a minha mão

É sempre o meu coração

Ao escrever o que sinto.

 

 

GOSTO TANTO DE TI

Gosto tanto de ti

Que num só dia senti

Saudades de te não ver

O dia a custo passou

A noite muito custou

Meu amor por te não ter

 

Apenas num dia apenas

Eu fiz p’ra ti mil poemas

Com raiva de te não ter

Eu gosto tanto de ti

Que num só dia senti

Saudades de te não ver.

 

 

SEGREDO

Quando ela lê nas horas de tristeza

Poemas que escrevi pensando nela

Mostrando com palavras a beleza

De todo o amor que tenho por ela.

 

Quando me tem nos braços e me beija

É como o mundo inteiro ela tivesse

Nesse momento, nada mais ela deseja

Só a minha boca que a estremece.

 

Quisera ser verdade, mas não é

Quisera acreditar, não tenho fé

Que nela existisse amor assim.

 

Pois só eu a amo, e o meu sofrer

Será um segredo até à morrer

Porque a vida negou-me amor assim.

 

 

DEUSES

Hermes que és mensageiro dos Deuses, diz-me:

    Quem é esta mulher

       que meu coração tanto quer

       mas que nunca me procura

       ou decerto não me quer

       mas por ela ando a viver

       uma perfeita loucura.

Lete rio mítico onde as sombras bebiam, diz-me:

    Que olhos são estes, que olhos

        neles há doçura aos molhos

        e a ternura que me diz

        que é por eles que eu vivo

        e que na vida persigo

        o sonho de ser feliz.

Nabu escriba dos Deuses com teu saber, diz-me:

    Que boca é esta, que boca

        que sempre me provoca

        incontroláveis desejos

        que boca é esta, que boca

        que põe minh’alma louca

        com o sabor dos seus beijos?

 

 

LAPSO DE TEMPO

Fecho os olhos…

E vejo-te chegar, linda como sempre

Vestido curto de seda, andar atraente

Dás-me um beijo, lábios frescos

Tua boca sabe a frutos secos

Ameixa, pinhão e avelã

A língua com sabor a chá

Aperto-te num abraço

Entre nós não há espaço

Na palma da mão sinto teu seio

Apenas o tecido fino de permeio

Nas tuas coxas de pele de lírio

Dançam meus dedos em delírio

Tuas mãos em meu rosto, que ternura

Meu corpo em teu corpo, que loucura

Abro os olhos…

 

Continuo só...

Foi um lapso de tempo.

 

 

LOUCA OBSESSÃO

Se a madrugada me trouxesse

Teu corpo embrulhado em luar

Uma só noite em que eu pudesse

Ter-te em meus braços para amar

 

Da tua boca de cereja doce

Beberia o sabor de teus beijos

E de teus seios e mais que fosse

Mataria minha sede de desejos

 

Vá madrugada, faz-me a vontade

Faz esta mentira ser verdade

Transforma este sonho, esta ilusão

 

Juro nada mais querer para mim

Depois, posso descansar por fim

Desta louca e dolorosa obsessão.

 

 

O NOSSO POEMA

Queria fazer-te um poema, unicamente teu

Que logo ao lê-lo, sentisses nitidamente que era teu,

Onde tivesses a absoluta certeza

Que quem o escreveu, ama-te

Como nunca amou ninguém. 

 

Queria fazer-te um poema, unicamente teu

Tão perfeito que só o papel nos separasse

Sem cópias ou fotocópias, puro, imaculado

Que só os teu olhos e os meus o vissem.

Depois, que falasse em tudo que fosse nosso

Mesmo nosso, intimamente nosso, lacrado

 

Queria fazer-te um poema tão lindo, tão poema

Quem nem fosse um poema, mas um escrito tão real...

Que ao falar em MÃOS, logo as sentisses percorrendo-te

O corpo suavemente, acariciadoramente

Com ternura, num afago doce, bom

Que teu corpo logo fosse electrizado

Enlouquecido, martirizado.

 

Queria fazer-te um poema tão lindo, tão poema

Que ao falar em Beijo

Logo sentisses a pressão dos meus lábios

Com o sabor, o calor, a humidade, um arrepio

 

Queria fazer-te um poema tão lindo, tão poema

Que ao falar em Desejo

Sentisses ser possuída até à loucura

Alcançasses o céu e o mundo inteiro

Tudo comigo num poema

Que ao leres, sentisses prazer

Gemesses, gritasses, arranhasses

Enclavinhasses teus dedos nos meus

Que lesses e logo sentisses

Meu corpo no teu, minha boca na tua

Os dois num só, loucos

Até atingirmos orgasmos numa dimensão suprema

Tudo, tudo num poema.

 

Gostava de te fazer um poema meu amor

O nosso poema.

 

 

NÃO SEI QUEM ÉS

Ando assim amargurado

Desiludido, tristonho

A vida tem-me negado

Até o sabor dum sonho

Tenho andado à tua procura

Por essas casas de fado

Mas vejo que a tua jura

De não cantares, ainda dura

Não te vi em nenhum lado

Como não te conhecia

Também nunca t’encontrava

E tive que te inventar

Agora enquanto escrevia

Era só em ti que pensava

Sem nunca, nunca te achar.

Só sei que cantavas o fado.

 

 

AUTOCARRO

Ó Sol apaga-te

Tenho vergonha de ti

Hoje quase empurrei uma velhinha

Para entrar no autocarro

 

Só porque vi entrar uma bela mulher

Depois sentei-me a seu lado

E ela nem desconfiou

Que em meu cérebro eu a via

Nua, completamente nua.

 

Uma voz dentro de mim disse-me:

– Deixa-te de tretas e dá o lugar à velhinha

Então levantei-me

Para dar o lugar à velhinha...

 

 

DESASSOSSEGO

Há tanta, tanta gente

     que ainda ama em segredo

Por tabu ou preconceito

     ou talvez inibição

E vive constantemente

       nesse desassossego

Guardando dentro do peito

       sofrido o coração

O amor quando é proibido

       é no silêncio que mora

Nasce e quando vem

       nunca, nunca traz aviso

Só em sonhos é vivido

       sufocado quando chora

Sofrendo como ninguém

       num grito, num sorriso

E vive nessa loucura

      sem nunca ter um carinho

Buscando a felicidade

      nesse amor que o devora

Mas que mata d’amargura

      e tropeça no caminho

Com o medo da verdade

      pois em pecado ele mora

Nas lágrimas que chora

       e no peito eternamente.

 

 

NO ESPAÇO

Encontramo-nos num ponto do universo

       com “Boavista” para o planeta terra

Atravessamos a órbita terrestre da cidade

       invisíveis, sem ninguém nos ver

Entramos numa galáxia só nossa

       que interplanetariamente

       tinha as coordenadas, quatrocentos e seis

Encontramos depois novas constelações

       tivemos a Lua nas mãos e nos olhos

       fomos ao céu e voltamos

Fomos testemunhas dum eclipse total

       e o Sol despertou-nos ás nove da manhã

       dum dia qualquer de Setembro

Vivemos no espaço, precisamente

      quinze horas e quarenta minutos

Prometes-te voltar mais vezes

      Mas nunca mais voltaste.

 

 

EXPLOSÃO

Quando teu corpo é moldado

No meu de um certo jeito

É um verbo conjugado

No tempo mais que perfeito

Perfeito? Perfeitos são os teus seios

Onde em gostosos passeios

Meus dedos andam

Esmagam, apertam

Ligam teu corpo ao meu

Como nossas bocas

Ávidas de desejo, loucas

Colam-se, beijam-se

Em perfeita comunhão

De prazer, exaltação

De amor sequiosas

Esfomeadas gulosas

Perdidas por tudo. Então

Sem palavras mudo 

No silêncio contudo

Em harmonia extrema

Nasce um poema

Enleiam-se nossos braços

Como finos sargaços

Que acende, ateia

A chama, o calor

O gosto, o sabor

O clímax, o orgasmo

O máximo, o pasmo

O rebentar do dique

E por fim o clic.

Depois

Num delicioso cansaço

Num eterno abraço

Um cigarro, o fumo

E a volta ao mundo.

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ENQUANTO ME LEMBRO...