O MEU NATAL
Nessa noite fria de Dezembro
Eu lembro,
sempre lembro
Do Natal da
minha infância
Desse lar
tenho lembrança
Do calor que
nele havia
Tão pequeno
onde cabia
A alegria em
ser criança
Do pinheiro
que o meu pai enfeitava
Do presépio onde
adorava
Deus menino
em seu ó-ó
Do creme da
aletria
E do sabor a
canela
Que eu lambia
da panela
Nos dedos da
minha avó
Meu peito de
menino a estalar
Na ânsia de
ver chegar
Meu prometido
brinquedo
Que me trouxe
em segredo
Uma pomba de
madeira
P’ra guardar
à cabeceira
Do Natal
nunca esquecido
Nessa noite
anda a alegria à solta
E um anjo
traz de volta
A paz, a luz
e a verdade
Essa luz que
ilumina toda a terra
Mostra aos
homens que a guerra
Nunca traz a
felicidade.
MINHA PRINCESA
Nunca mais nossa casa foi igual
Desde que
partiu minha princesa
Inda hoje na
ceia de natal
Sinto sua
falta em nossa mesa
Fechei aquela porta no meu peito
Mas sei que
p’ra sempre vai lá ficar
E nunca
esquecerei aquele jeito
Tão meigo
qu’ela tinha em seu olhar
Grato vou ficar eternamente
Por ter essa
princesa prometida
Que passou
por mim tão de repente
E foi prenda
de Deus na minha vida
HELENA
Helena
De pele
morena
Era boa
pequena
Era linda a
valer
Helena
Era calma e
serena
Seu grande
dilema
Era sorte não
ter
Helena
Acabou por
partir
Bem cedo a
sorrir
Quando Deus a
levou
Helena
Era boa
pequena
Seu grande
dilema
Foi sorte não
ter
Helena
Minha querida
filha
Teu sorriso,
sempre brilha
No meu
coração
MODESTA
A Modesta nasceu
Uma estrela
morreu
E deu-me o brilho
seu
É a Menina sardenta
Que a vida
enfrenta
De pelo na
benta
É gira, é bonita
Solidária,
altruísta
E a todos
conquista
É modesta no nome também
Amo-a tanto e
tem
O nome de
minha mãe
TONY
Quase sem rumo, sem norte
Tem pouca
sorte
Mas não
merecia
Pois a vida
devia
Compensar seu
trabalho
E tirá-lo do
atalho
Onde a sorte
o meteu
Quase sem rumo, sem norte
Mas a pouca
sorte
Há-de mudar
E o prémio
terá
Pelo amor que
dá
E muito
semeia
Pelos sonhos
de areia
Que a vida
lhe deu
Com rumo, com norte
Há-de encontrar
a sorte
E a
felicidade um dia
E os olhos
que tem
Iguais aos da
mãe
Vão brilhar
de alegria.
PRINCESA DIANA
Como num conto de fadas
Com princesas
de encantar
Lindas de
faces rosadas
Em reinos de
imaginar
Nos castelos
altaneiros
Com aias,
aios e pajens
Trovadores,
bobos, archeiros
E gente
doutras linhagens.
Mas…
Tu foste
mulher de raiz
Foste
princesa do povo
Sem reino,
embaixatriz
Dum mundo
sempre novo.
Levaste
alegria à dor
A tanta gente
infeliz
E tu, sofrida
d’amor
Quase que
eras feliz…
Não minha princesa
Só deixas-te
a vida
E serás
sempre, minha alteza
A nossa “Bela
adormecida”
MINHAS E TUAS MÃOS
As tuas mãos ternurentas
São laranjas
sumarentas
Nos gomos dos teus dedos
São
meiguices, são delícias
São doces as tuas carícias
Que adormecem os meus medos
A tua mão é tão quente
Na minha pele
que a sente
E se
delicia em prazer
E no calor
que transmite
Há mais
desejo, apetite
Para ate amar
e viver
Escrevo com emoção
Porque a
caneta é a mão
Digo a
verdade não minto
Pois quem
guia a minha mão
É sempre o
meu coração
Ao escrever o que sinto.
GOSTO TANTO DE TI
Que num só
dia senti
Saudades de
te não ver
O dia a custo
passou
A noite muito
custou
Meu amor por
te não ter
Apenas num
dia apenas
Eu fiz p’ra
ti mil poemas
Com raiva de
te não ter
Eu gosto
tanto de ti
Que num só
dia senti
Saudades de
te não ver.
SEGREDO
Quando ela lê nas horas de tristeza
Poemas que
escrevi pensando nela
Mostrando com
palavras a beleza
De todo o
amor que tenho por ela.
Quando me tem
nos braços e me beija
É como o
mundo inteiro ela tivesse
Nesse
momento, nada mais ela deseja
Só a minha
boca que a estremece.
Quisera ser
verdade, mas não é
Quisera
acreditar, não tenho fé
Que nela
existisse amor assim.
Pois só eu a
amo, e o meu sofrer
Será um
segredo até à morrer
Porque a vida
negou-me amor assim.
DEUSES
Hermes que és mensageiro dos Deuses, diz-me:
Quem é esta mulher
que meu coração tanto quer
mas que nunca me procura
ou decerto não me quer
mas por ela ando a viver
uma perfeita loucura.
Lete rio
mítico onde as sombras bebiam, diz-me:
Que olhos são estes, que olhos
neles há doçura aos molhos
e a ternura que me diz
que é por eles que eu vivo
e que na vida persigo
o sonho de ser feliz.
Nabu escriba
dos Deuses com teu saber, diz-me:
Que boca é esta, que boca
que sempre me provoca
incontroláveis desejos
que boca é esta, que boca
que põe minh’alma louca
com o sabor dos seus beijos?
LAPSO DE TEMPO
Fecho os olhos…
E vejo-te
chegar, linda como sempre
Vestido curto
de seda, andar atraente
Dás-me um
beijo, lábios frescos
Tua boca sabe
a frutos secos
Ameixa,
pinhão e avelã
A língua com
sabor a chá
Aperto-te num
abraço
Entre nós não
há espaço
Na palma da
mão sinto teu seio
Apenas o
tecido fino de permeio
Nas tuas
coxas de pele de lírio
Dançam meus
dedos em delírio
Tuas mãos em
meu rosto, que ternura
Meu corpo em
teu corpo, que loucura
Abro os
olhos…
Continuo só...
Foi um lapso
de tempo.
LOUCA OBSESSÃO
Se a madrugada me trouxesse
Teu corpo
embrulhado em luar
Uma só noite
em que eu pudesse
Ter-te em
meus braços para amar
Da tua boca
de cereja doce
Beberia o
sabor de teus beijos
E de teus
seios e mais que fosse
Mataria minha
sede de desejos
Vá madrugada,
faz-me a vontade
Faz esta
mentira ser verdade
Transforma
este sonho, esta ilusão
Juro nada
mais querer para mim
Depois, posso
descansar por fim
Desta louca e
dolorosa obsessão.
O NOSSO POEMA
Queria fazer-te um poema, unicamente teu
Que logo ao
lê-lo, sentisses nitidamente que era teu,
Onde tivesses
a absoluta certeza
Que quem o
escreveu, ama-te
Como nunca
amou ninguém.
Queria
fazer-te um poema, unicamente teu
Tão perfeito
que só o papel nos separasse
Sem cópias ou
fotocópias, puro, imaculado
Que só os teu
olhos e os meus o vissem.
Depois, que
falasse em tudo que fosse nosso
Mesmo nosso,
intimamente nosso, lacrado
Queria
fazer-te um poema tão lindo, tão poema
Quem nem
fosse um poema, mas um escrito tão real...
Que ao falar
em MÃOS, logo as sentisses percorrendo-te
O corpo
suavemente, acariciadoramente
Com ternura,
num afago doce, bom
Que teu corpo
logo fosse electrizado
Enlouquecido,
martirizado.
Queria
fazer-te um poema tão lindo, tão poema
Que ao falar
em Beijo
Logo
sentisses a pressão dos meus lábios
Com o sabor,
o calor, a humidade, um arrepio
Queria
fazer-te um poema tão lindo, tão poema
Que ao falar
em Desejo
Sentisses ser
possuída até à loucura
Alcançasses o
céu e o mundo inteiro
Tudo comigo
num poema
Que ao leres,
sentisses prazer
Gemesses,
gritasses, arranhasses
Enclavinhasses
teus dedos nos meus
Que lesses e
logo sentisses
Meu corpo no
teu, minha boca na tua
Os dois num
só, loucos
Até
atingirmos orgasmos numa dimensão suprema
Tudo, tudo
num poema.
Gostava de te
fazer um poema meu amor
O nosso
poema.
NÃO SEI QUEM ÉS
Ando assim amargurado
Desiludido,
tristonho
A vida tem-me
negado
Até o sabor
dum sonho
Tenho andado à tua procura
Por essas
casas de fado
Mas vejo que
a tua jura
De não
cantares, ainda dura
Não te vi em
nenhum lado
Como não te conhecia
Também nunca
t’encontrava
E tive que te
inventar
Agora
enquanto escrevia
Era só em ti
que pensava
Sem nunca,
nunca te achar.
Só sei que cantavas o fado.
AUTOCARRO
Ó Sol apaga-te
Tenho
vergonha de ti
Hoje quase
empurrei uma velhinha
Para entrar
no autocarro
Só porque vi
entrar uma bela mulher
Depois
sentei-me a seu lado
E ela nem
desconfiou
Que em meu
cérebro eu a via
Nua,
completamente nua.
Uma voz
dentro de mim disse-me:
– Deixa-te de
tretas e dá o lugar à velhinha
Então
levantei-me
Para dar o
lugar à velhinha...
DESASSOSSEGO
Há tanta, tanta gente
que ainda ama em segredo
Por tabu ou
preconceito
ou talvez inibição
E vive
constantemente
nesse desassossego
Guardando
dentro do peito
sofrido o coração
O amor quando é proibido
é no silêncio que mora
Nasce e
quando vem
nunca, nunca traz aviso
Só em sonhos
é vivido
sufocado quando chora
Sofrendo como
ninguém
num grito, num sorriso
E vive nessa loucura
sem nunca ter um carinho
Buscando a
felicidade
nesse amor que o devora
Mas que mata
d’amargura
e tropeça no caminho
Com o medo da
verdade
pois em pecado ele mora
Nas lágrimas
que chora
e no peito eternamente.
NO ESPAÇO
Encontramo-nos num ponto do universo
com “Boavista” para o planeta terra
Atravessamos
a órbita terrestre da cidade
invisíveis, sem ninguém nos ver
Entramos numa
galáxia só nossa
que interplanetariamente
tinha as coordenadas, quatrocentos e
seis
Encontramos
depois novas constelações
tivemos a Lua nas mãos e nos olhos
fomos ao céu e voltamos
Fomos
testemunhas dum eclipse total
e o Sol despertou-nos ás nove da manhã
dum dia qualquer de Setembro
Vivemos no
espaço, precisamente
quinze horas e quarenta minutos
Prometes-te
voltar mais vezes
Mas nunca mais voltaste.
EXPLOSÃO
Quando teu corpo é moldado
No meu de um
certo jeito
É um verbo conjugado
No tempo mais
que perfeito
Perfeito? Perfeitos são os teus seios
Onde em
gostosos passeios
Meus dedos
andam
Esmagam,
apertam
Ligam teu
corpo ao meu
Como nossas
bocas
Ávidas de
desejo, loucas
Colam-se,
beijam-se
Em perfeita
comunhão
De prazer, exaltação
De amor
sequiosas
Esfomeadas
gulosas
Perdidas por
tudo. Então
Sem palavras
mudo
No silêncio
contudo
Em harmonia
extrema
Nasce um
poema
Enleiam-se
nossos braços
Como finos
sargaços
Que acende,
ateia
A chama, o
calor
O gosto, o
sabor
O clímax, o orgasmo
O máximo, o
pasmo
O rebentar do
dique
E por fim o
clic.
Depois
Num delicioso
cansaço
Num eterno
abraço
Um cigarro, o
fumo
E a volta ao mundo.
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